Quando eu me converti em 1980 a questão era binária: ou se era um crente em Jesus Cristo, ou não se era. Simples assim.
O tempo passou. Faz 37 anos que eu encontrei o Salvador e tornei-me um crente.
Muitos creram no Senhor naquele tempo, pessoas de meu convívio. Ao longo do tempo o mundo mudou e a fé também, não a minha e não a de todos aqueles co-irmãos, mas a de muitos deles.
Um era cristão e tornou-se "cristão judaizante". Em sua página o tema não é Jesus, é Israel. Sua prédica é judaizante; seus costumes são judaicos. Ele celebra o shabat, come comida judaica e canta canções judaicas. E continua a considerar-se cristão.
O outro crê em Cristo dentro de casa. Não vai mais à igreja. Ele disse que todas as igrejas são formadas por pecadores. Logo, ele não se considera um, pois, do contrário, diria que são formadas por gente como ele. Falou que o principal de Cristo é o amor e que não precisa congregar. Ele ainda se considera cristão.
Um outro virou pagodeiro de Cristo. Com roupas de pagodeiro, roda de pagodeiros, cerveja de pagodeiros, ele vai de bar em bar com um grupo de pagode, a cantar corinhos em ritmo de samba. Ele não tem dificuldades em cantar um samba partido alto ou samba-canção. Tudo é música. Ele formou uma igreja do pagode. Não tem cultos, tem roda de adoração. Ele se acha cristão.
Um outro fotografou-se com um charuto à boca. Noutra foto está com uma tulipa de cerveja. Cara de embriagado. E ainda escreveu: "fazei tudo para a glória de Deus". Ele considera-se predestinado, não crê que nada frustrará a sua salvação. Só não vive com Cristo e nem com os compromissos assumidos. Ele se acha um cristão e um predestinado.
Enfim um outro virou filósofo cristão. Filtrou todo o ritual e todos os compromissos eclesiásticos e ficou com o sumo, segundo diz. São princípios que se aplicam a qualquer religião, mesmo a quem se diz ateu. Para ele o cristianismo é apenas uma tentativa humana de evolução. Ele se denomina cristão livre. Diz frases de efeito, faz palestras de auto-ajuda e não tem compromisso com igreja. Ele se identifica como cristão.
As pessoas enlouqueceram? O que houve? Foi a comida, a bebida ou algum produto químico ingerido? Como puderam abortar a simples fé salvífica que os fez cristãos, que perdoou os seus pecados e lhes deu a incumbência de serem portadores de boas-novas? Por que trocaram a igreja pelo nada, porque fizeram os seus próprios caminhos e sepultaram as suas bíblias?
"Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas;" (1Tm 1:6)
"Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia." (Hb 10:25)
"Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco." (Gl 4:11)
"Não removas os antigos limites que teus pais fizeram." (Pv 22:28)
"Pois também eu te digo que tu és Pedro (pedregulho) , e sobre esta pedra (Rocha) edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;" (Mt 16:18)
Uma destas pessoas me reencontrou. Disse: "É incrível que você tenha permanecido o mesmo desde a sua conversão! Você é igualzinho, crê do mesmo jeito! Isto é um caso raro de não-evolução!" Eu agradeci a crítica, que para mim tornou-se um grande elogio.
Não me converti para abandonar a fé, para mudá-la, para alterá-la. Converti-me porque encontrei o meu caminho. E este caminho é o revelado pelas páginas dos evangelhos e por toda a Bíblia. E ela não muda. A vida tem uma explicação simples para mim, a mesma que tinha para eles: eu era um pecador perdido, Cristo morrera por mim; ele ressuscitara, prometera vida eterna a quem o confessasse como único salvador. Eu fiz isso e fui transformado em nova criatura. E tornei-me cristão, pregoeiro da Palavra, para que outros também encontrem em Jesus a razão de suas vidas. Diante do exposto, por que eu iria mudar? Eu não procuro respostas, não adapto as que tenho ao sabor da época, da mudança dos tempos ou às minhas necessidades. A vida cristã não é um self-service, onde eu me sirvo do que quiser; ela é um prato feito, onde eu como o que o meu Senhor servir. E Ele me dá todo o conselho dEle, mediante as Escrituras Sagradas.
Não, eu não enlouqueci. Eu apenas me converti de verdade.
Espero que estes meus companheiros de início de jornada revisem o capítulo atual, porque não está bem escrito.
17/08/2017
Wagner Antônio de Araújo é pastor das Igreja Batista Boas Novas em Osasco-SP.
Leia todas as crônicas do Pr. Wagner Antônio de Araújo em seu blog, clicando AQUI
Pastor Carlos Roberto Silva
ResponderExcluirSinto-me extremamente gratificado em ter sido lido pelo irmão, bem como em ter o texto ocupado um espaço em seu precioso blog! Muito obrigado pelo carinho e um grande abraço para o senhor.
seu conservo Wagner
Pastor Carlos Roberto Silva
ResponderExcluirSinto-me extremamente gratificado em ter sido lido pelo irmão, bem como em ter o texto ocupado um espaço em seu precioso blog! Muito obrigado pelo carinho e um grande abraço para o senhor.
seu conservo Wagner
Fantástico! Maravilhoso!
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