IGREJAS FORA DA LEI

Lendo o pertinente post da blogueira Amanda Seguins, sob o título Pequenas Igrejas grandes negócios, fiquei a imaginar a questão sob outro aspecto, justamente do ponto de vista que o mundo está vendo as igrejas.

Será que a grande maioria dessas igrejas está devidamente enquadrada nas leis que regem o nosso país, ou será que estamos nos escondendo atrás do manto sagrado da Ekklésia para fugirmos às responsabilidades inerentes às instituições?

A Igreja como corpo místico de Cristo é santa, imaculada e inatingível, no entanto, como diz o Pr. Esdras Costa Bento do Blog Teologia & Graça, também mantém o aspecto local, antropológico e cultural, do qual temos o dever de manter e cuidar.

Quero aqui citar apenas algumas exigências básicas:

Atos constitutivos:
Ata de fundação, Estatuto Social, CNPJ ou ata de constituição de filial?

Das exigências patrimoniais:
Alvará de funcionamento, vistoria do corpo de bombeiros, sanitários masculinos e femininos, ventilação apropriada, água potável para beber, iluminação adequada, acústica condizente com o ambiente, equipamento de som funcionando de acordo com as normas, saídas de emergência quando exigidas, rampas para cadeirantes, manutenção das instalações elétricas, hidráulicas, telhados, etc. É sempre bom lembrar que essas exigências independem se o prédio é próprio ou alugado.

Das exigências fiscais:
Contabilidade, contador habilitado, livros contábeis em ordem, balancetes, declaração do imposto de renda mesma que isenta?

É bom que se registre que, a menor empresa no Brasil precisa atender todas essas exigências e ainda muitas outras.

O que aqui cito é algo muito sintetizado, apenas para chamar a atenção para o fato.

Tenho a impressão que, boa parte de todo esse movimento de igrejas trabalha na base da informalidade, o seja, em uma linguagem mais doméstica: do “Deus proverá”.

Em tempos de crise, surgidas a partir de um acidente como o da sede da Renascer em Cristo em São Paulo, o poder público, até para dar uma satisfação à sociedade, começa uma “verdadeira caça às bruxas”, momento em que nos colocamos na posição de vítimas, e iniciamos movimentos no sentido de sensibilizamos os políticos, para que atuem em nosso favor.

Ora, não seria melhor nos mobilizarmos em uma grande campanha de regularização de tudo o que está errado e fora da lei?

Entendo perfeitamente que, em alguns lugares há uma espécie de perseguição velada, e isso é verdade, no entanto, na condição de "um povo especial, zeloso e de boas obras" Tito 2: 14, não é razoável que cumpramos os ensinos do nosso Mestre, em vez de levantarmos protestos e reivindicações?

Disse Jesus:

"Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens." Mateus 5: 13

Nossa missão é especial nesta terra, se não a cumprirmos e ainda assim nos utilizamos do título de discípulos de Cristo, seremos pisados pelos homens, é o que já está dito pela palavra.

"Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte." Mateus 5: 14

Ainda que outros também estejam agindo errado, não há como se esconder a Igreja, pois fomos chamados para ser luz, e a luz não tem como se esconder.

"E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se dele." Marcos 12: 17

Quando Jesus foi perguntado sobre a licitude de pagar impostos, foi muito claro, conforme transcrito no versículo acima, portanto, creio que não devemos nos igualar aos que não agem corretamente, mas ser o exemplo para o mundo.

Lei existe para ser cumprida, principalmente no que concerne à boa ordem, boa conduta e segurança dos cidadãos.

Paulo orientou a Tito que assim fizesse:

"Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra;" Tito 3: 1

Isso, logicamente, não tira nosso direito de denunciarmos injustiças, irregularidades ou até mesmo de reivindicar direitos, porém, nunca no afã de encobrir nossos próprios erros.

Muitos templos improvisados estão localizados em favelas e áreas públicas de invasão, onde o próprio poder público não tem condições de fiscalizar, no entanto, seria razoável que o povo de Deus procurasse manter as condições mínimas de habitabilidade nesses locais de culto, mesmo que não sofrendo fiscalização, porque isso agrada ao Senhor e traz um bom testemunho para os que estão de fora.

Quando não escandalizamos, cumprimos nossa parte para com Deus e também para com a sociedade.

"Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens." Romanos 14: 18

Que tal uma comissão em cada igreja para verificar tais irregularidades, e providenciar a erradicação de falhas, uma a uma. Mesmo em se tratando de uma pequena Igreja, sempre teremos alguém com melhor conhecimento nas diversas áreas, para auxiliar o dirigente.

Finalmente o nome do Senhor será glorificado também nisso.

Quando vem a fiscalização, normalmente existe a possibilidade legal de se solicitar um prazo para as devidas regularizações, em se tratando de infração primária. Nos casos de reincidência, isso já não é mais possível.

"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus." I Coríntios 10: 31

Soli Deo Glória
Pr. Carlos Roberto Silva