JOGANDO PIMENTA NA CRISE DE IDENTIDADE

Antes leia o seguinte artigo:

http://clebiomoreira.blogspot.com/2007/07/ser-moderno-sem-ser-mundano.html

Que crise?

De Identidade.

De quem?

Das Assembléias de Deus.
Está veiculando na Internet, um artigo com o seguinte título: “MODERNO SEM SER MUNDANO”, atribuído a famoso pregador, digo atribuído por não constar do seu site oficial mas de terceiros. De qualquer maneira, até que não haja negativa de sua parte, subtende-se ser de sua autoria.

O artigo sugere a tentativa de JUSTIFICAR o que ele mesmo qualifica como pequenas correções, as quais, pelo teor do artigo, penso que sejam do ponto de vista estético.

Na condição de um simples obreiro também Assembleiano, me dedico a esta lavra, simplesmente pela vergonha que sinto em ver um “companheiro de ministério”, denegrir a própria denominação, afinal de contas, o que ele entende por ética pastoral ou ministerial?

A Assembléia de Deus é uma denominação com 96 anos de história, de natureza eclesiástica plural e descentralizada, onde cada ministério tem sua administração local, unidos única e exclusivamente pelas convenções regionais, as quais são ligadas à Convenção Geral. As convenções são formadas pelos ministros assembleianos, porém, não exercem ingerência na administração das Igrejas locais.
Este sistema de administração eclesiástica, ao longo de quase um século, deixou incontornáveis distorções do ponto de vista dos usos e costumes, levando-se em consideração principalmente as dimensões continentais do Brasil,
Há de se considerar que, não obstante seja necessário admitirmos esta faceta menos feliz do movimento Assembleiano, não podemos desconsiderar também que, este sistema permitiu, pela misericórdia de Deus, que a Assembléia de Deus seja a maior Igreja Pentecostal do Brasil, com templos nos mais longínquos rincões da nossa pátria e ainda contribuiu para que tenhamos o maior movimento pentecostal do mundo, pois a maior parte das Igrejas pentecostais e neopentecostais foram de alguma forma influenciadas pela Assembléia de Deus. Segundo pesquisas, em qualquer lugar no Brasil está presente marcas como: Coca-cola, Singer e Assembléia de Deus, sendo que para tanto a Igreja não contou com a mídia.

Voltando ao citado artigo, ígualmente entendo que Doutrina Bíblica difere de usos e costumes, já que é esta a tese do articulista, porém, também entendo ser perfeitamente compreensível que, boa Doutrina também gera bons costumes.

Analisemos então:
Como apóstolo Paulo orienta ao Jovem pastor Timóteo?
“Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência” – 2ª Timóteo 3:10. Vejamos que Paulo faz distinção entre “doutrina” e “modo de viver”. Não estariam, porventura, inseridos nesse modo de viver, os bons usos e costumes?
O mesmo Paulo orientando Tito disse:
“não defraudando; antes, mostrando toda a boa lealdade, para que, em tudo, seja ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador”. Tito 2:10. O termo “em tudo” abrange todas as coisas e circunstâncias periféricas ou acessórias, as quais devem corroborar adornando a doutrina, ou seja, não trazendo motivo de escândalo à doutrina.
O próprio autor do artigo, admite as críticas que vem recebendo, o que já o desqualifica, ao ser confrontado com as atitudes exigidas para um ministro na Palavra de Deus, em I Timóteo 3. Propositalmente ressalto aqui apenas seis das exigências: Irrepreensível, vigilante, sóbrio, moderado, não contencioso e que apresente bom testemunho.
A Bíblia recomenda que devemos nos abster de qualquer atitude que provoque escândalo aos irmãos, mesmo que tal ação não se configure um pecado em si, senão vejamos:
Na resposta a perguntas acerca das carnes sacrificadas aos ídolos, Paulo deixa claro que se não cremos no ídolo, não há nada contra comermos o que dizem ter sido sacrificado ao ídolo, no entanto, se isso escandaliza nosso irmão, não comamos.– I Coríntios 8:1-13.
Ainda orientando a Igreja de Roma, o mesmo Paulo disse: “Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens. Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça”. – Romanos 14: 18-21
Paulo não requeria seus direitos, mas até abria mão deles, mesmos aqueles líquidos e certos, para não colocar impedimento à sua pregação: - 1º Coríntios 9:12.

Outro fator que só confirma o que já estava claro, é a confissão do uso de jargões e frases de efeitos para chamar a atenção em suas mensagens, o que é perfeitamente dispensável num ministério Cristocêntrico, onde o próprio Senhor é o centro das atenções.

Acredito que um artigo dessa natureza, não contribui em nada para a edificação espiritual dos leitores, apenas joga pimenta em nossa crise de identidade.

Sinceramente, espero que não seja de autoria real do referido pastor, no entanto, se for, entendo que algo não vai bem, e deixo apenas três palavras: LAMENTÁVEL, VIGILANCIA e MUITA ORAÇÃO.