Para ajudar você entender como se desenvolve ou se processa a formação e a narrativa de um povo, sociedade, instituição ou denominação ao longo da história, vou repetir aqui a publicação da síntese das 4 formas de narrativas históricas segundo o teórico Jörn Rüsen em sua obra História Viva:
- Há um processo de construção de sentido ou de reconstrução de sentido
- A escrita da história, ou narrativa histórica, é fruto de uma necessidade sentida pelos homens
- Os homens sofrem uma crise de orientação no tempo: o passado se torna estranho aos homens no exato instante em que deixa de fornecer critérios para a ação no presente e de planejamento para o futuro. O homem passa viver em crise de orientação no tempo.
- A crise de orientação no tempo faz com que os homens sintam a necessidade da escrita da história ou narrativa histórica
- As experiências concretas de crise fazem surgir formas de narrativas históricas
- Então, a narrativa histórica deverá reconstruir uma identidade perdida.
1ª - A narrativa tradicional/os tradicionais
- Interpreta as mudanças temporais do homem e do mundo com a representação da duração das ordens do mundo e das formas de vida
- Uma forma pura da narrativa tradicional é o mito de origem
- A identidade de uma sociedade histórica se mantém mediante identificação da permanência de um princípio, de uma ideia, que jamais desaparece, apesar das mudanças superficiais ocorridas ao longo do tempo
- A crise de orientação no tempo, na narrativa tradicional, na verdade, é ilusória, pois, em meio às turbulências, podemos perceber algo permanente e eterno.
2ª - A narrativa exemplar/os exemplares
- A história ensina, a partir dos inúmeros acontecimentos do passado que transmite, regras gerais do agir.
- Forma uma identidade não pela percepção da permanência de algo do passado, mas pela recuperação e imitação de algo sucedido há muito tempo, e que sempre serve de exemplo, de norma para a ação.
- Um exemplo de narrativa exemplar é a história mestra da vida - história magistra
- A crise de orientação no tempo, na narrativa exemplar, existe de fato, mas é apenas um desvio de rota, que poderá ser retomada caso se estude adequadamente o passado.
3ª - A narrativa crítica/os críticos
- Apresenta uma experiência histórica que problematiza e relativiza o modelo precedente de interpretação histórica.
- Fala a linguagem dos contra-exemplos
- É o oposto da narrativa exemplar
- O passado não é mais representado como fonte de identificação positiva, mas negativa.
- Elabora uma nova identidade pela negação total do passado.
- É fundamental uma experiência de crise em que o ser humano percebe que o passado não lhe serve mais como referência, mas ainda assim, ele consegue oferecer uma solução.
4ª - A narrativa genética/os genéticos
- Não há meramente uma identificação com algo eterno, que jamais desaparece.
- Não há uma identificação com um exemplo específico do passado que precisa ser recuperado, nem com uma negação de toda tradição acumulada.
- O que há é a compreensão de um processo de individuação, de formação.
- O passado não é "coisificado" como algo ainda presente, exemplar ou negativo.
- O passado é "coisificado" como um percurso dado no tempo e que, em determinada altura, configurou uma individualidade histórica.
- A identidade é pensada como um processo em construção constante, e não como algo a ser definitivamente fixado.
- O passado não é negado, mas assimilado como parte de um processo maior de desenvolvimento e formação.
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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema