Moradores de Manaus dizem que as igrejas se tornaram refúgios.
Manaus apresentou um crescimento de 325% no número de igrejas nos últimos vinte anos. De acordo com a Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam), a capital amazonense já conta com 8,5 mil igrejas evangélicas.
Quanto ao número de membros, o último levantamento feito em 2010, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que houve um aumento de 21% (em 2000) para 31% (em 2010). Para o pastor Valdiberto Rocha, integrante do Omeam, esse número deve ser bem maior atualmente.
A pesquisa também mostrou que a população católica, que representava 70,8% (967.270 pessoas), caiu para 59,5% (640.785 pessoas). “Não é possível dizer o número exato de evangélicos porque existem muitas pessoas entrando e saindo da Igreja e, além disso, estamos lidando com cerca de 3 mil igrejas evangélicas independentes que surgiram nos últimos anos”, disse Rocha.
Refúgios da sociedade
A igreja com maior número de membros entre os evangélicos é a pentecostal Assembleia de Deus (
IEADAM), com atualmente cerca de mil igrejas em toda a cidade. “
Somos cerca de 300 mil fiéis em todo o estado. Em Manaus somos cerca de 200 mil. Temos 1150 congregações em Manaus e uma média de crescimento de 15 mil fiéis nos últimos anos”, contou o pastor Moisés Melo, primeiro vice-presidente da IEADAM.
Conforme o Em Tempo, há ruas que possuem várias igrejas, de diferentes denominações. Na rua Tupiniquim, que fica na comunidade Florestal, bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus, por exemplo, há um total de oito diferentes templos religiosos evangélicos.
Para a socióloga Liliane Oliveira, a grande quantidade de igrejas próximas e presentes nos diversos bairros de Manaus ocorre porque os templos se tornaram “refúgios” da sociedade. “A diversidade de igrejas pode ser respondida por esse caminho, mas há outra explicação que aponta que devido às mazelas sociais serem tão intensas na realidade brasileira, a igreja torna-se o refúgio das massas”, explicou.
A rua Tupiniquim na comunidade Florestal, bairro Cidade Nova, possui oito igrejas. Existem outras nas ruas paralelas a ela. (Foto: Hector Silva)
Má formação de lideranças
Por outro lado, o teólogo e pastor Carlos Rogério, supõe que para existir tantas igrejas diferentes em Manaus, o motivo pode ser a má formação de lideranças. “Hoje existem muitas pequenas igrejas que vão saindo das grandes”, esclareceu seu ponto de vista.
Ele explica que "muitas igrejas de pequeno porte, em Manaus, saíram das Assembleias de Deus e que o motivo é que algumas pessoas não se submetem a seus líderes. Com isso, vão se abrindo portas que, muitas vezes, apresentam ideologias contraditórias”, explica o estudioso.
“Igrejas transmitem paz e segurança”
Segundo os moradores manauenses, ouvidos pelo EM TEMPO, a quantidade de igrejas em uma mesma região “transmite paz”. É desta forma que pensa Elson José, que possui um comércio há muitos anos na rua Tupiniquim. Ele conta que o índice de criminalidade diminuiu na região.
“Eu sinto que com isso até inibiu os roubos. Essa rua tem seus problemas com isso, mas a presença das igrejas ajuda bastante”, apontou o comerciante. A dona de casa Márcia Barros, que mora há muitos anos nessa rua, concorda com ele. “Há muitos evangélicos aqui”, conta ela.
A socióloga explica que essa diferença sentida pelos moradores não se dá pela simples presença da igreja no local, mas por tudo o que a igreja faz na região, atuando no âmbito da ação social.
Número de igrejas diminui na pandemia
Com a polêmica que envolveu o fechamento dos templos durante a pandemia, a Omeam registrou o fechamento de cerca de 500 igrejas em toda a capital. Porém, a Omeam acredita que as igrejas não se extinguiram por conta disso.
“Muitas igrejas evangélicas em Manaus funcionam em lugares alugados. Com a pandemia, algumas congregações informaram que diminuíram o número de ofertas”, explica Valdiberto Rocha.
Ele esclarece que “as igrejas não fecharam, mas apenas o prédio onde funcionavam, por causa da impossibilidade no pagamento dos aluguéis".
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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema