Extinção da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo - Um crime cultural
Do ponto de vista das informações veiculadas pela mídia, o Governo do Estado de São Paulo tem se mostrado o mais equilibrado financeiramente, diante da crise que se abate no país.
Portanto, cai como uma verdadeira "bomba", a informação da extinção da gloriosa Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, um verdadeiro patrimônio da cultura do nosso estado, sob o pretexto de cortes no orçamento, e diga-se a bem da verdade, se tratar do estado mis rico da federação.
Considerando que ouras unidades da federação com problemas bem superiores ao de São Paulo, do ponto de vista econômico e financeiro, não tomaram medidas drásticas como essa, começando pela mutilação da cultura, me parece muito estranha e precipitada essa medida.
Já não basta a incapacidade do poder público em gerir seus corpos estáveis e, por isso mesmo entrega-los à coordenação de Oscip's, e agora ainda alegar cortes no orçamento.
Infelizmente, só posso admitir que, a coisa "cheira" muito mais a falta de vontade política da equipe do governador para com a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, até porque, sem qualquer demérito a qualquer outro grupo, mas se corpos estáveis tivessem mesmo que ser extinto, outros mais novos, criados mais recentemente o poderiam ser, e com isso não quero dizer que o tenham que ser, mais apenas para uma questão de análise.
A maneira como a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo vem sendo tratada pela Secretaria da Cultura, hà algum tempo, já preconizava esse melancólico fim.
Primeiro os cortes no orçamento da BSESP, foram sendo feitos em "doses homeopáticas". Em algumas etapas foram reduzindo seu quadro, e mesmo com a redução dos músicos, o grupo foi se adaptando e se superando através da competência e excelência dos seus profissionais, porém agora, mais uma redução descaracterizaria completamente a sua formação.
Outro ponto a se registrar também, foi quando da última troca de Direção artística e regência, quando optou-se por uma solução caseira, novamente a competência e capacidade de superação, fez de um dos músicos garimpados no próprio grupo, o então trombonista, hoje Maestro Marcos Sadao Shirakawa, um dos regentes mais conceituados da nação, uma verdadeira revelação que merece aplausos e registro de gratidão, tendo sido o Maestro Marcos Sadao ter seu nome indicado e referendado para outros renomados grupos do mesmo gênero.
Em que pese a capacidade de superação e competência do Maestro e do próprio grupo, a meu ver, já foi um golpe na corporação, considerando que temos outros grupos, inclusive com maestros pagos a "peso de ouro", com salários milionários, vindos do exterior, cuja importância financeira já seria o suficiente para manter com sobra a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, em pleno funcionamento. Com tantos maestros capacitados em solo brasileiro, porque o Governo do Estado não abre mão desse "luxo", ou melhor, ostentação desnecessária, em favor de um patrimônio cultural do nosso povo, e de um competente e excelente naipe de músicos nacionais?
Será que o competente governador Geraldo Alckimin não sabe que a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo é uma referência nacional e mundial no gênero? Que no Brasil, só se ouviu falar do gênero banda sinfônica, a partir da BSESP? Que muitas bandas marciais, musicais, de igrejas e até mesmo militares foram influenciadas pela BSESP, tendo seus quadros reciclados e revigorados a partir dos MasterClass realizados pelos músicos da BSESP?
Como pastor titular, sei bem a contribuição que esses músicos tem gerado para a influência e formação de novos músicos nas igrejas em todo o estado de São Paulo e no Brasil.
A retórica de que a BSESP não foi extinta das planilhas e ou dos catálogos da Secretaria de Cultura não conforta, porque a alma de um grupo cultural são os seus integrantes e os seus dirigentes, os quais uma vez dispensados e ou demitidos, caracterizam definitivamente a sua extinção, ou seja o "assassinato"do seu "DNA".
A extinção da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, é um verdadeiro ASSASSINATO CULTURAL, um GOLPE FATAL em um grupo de excelência musical, haja vista as manifestações de artistas do Brasil e do mundo, protestando contra essa maléfica atitude. Quem pesquisar a história BSESP, facilmente encontrará frases como: excelência de qualidade, fábrica de música, fábrica de som, vanguarda em execução de arranjos contemporâneos, etc...
Muitas coisas ainda podem serem feitas para que isso não venha se concretizar, algumas aqui já sugeridas, remanejamento de verbas do orçamento, melhor distribuição da verba da pasta da cultura dentro dos próprios grupos, sem privilégios setorizados que comprometam a solução de continuidade da BSESP, e até mesmo o poder público usando a sua influência para buscar parcerias privadas, enfim, muitas outras opções que antecedem a extinção da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo.
Até que se prove o contrário, isso mais parece o interesse escuso de alguém que se interessa pelo fim de um grupo que pessoalmente não aprecia, em favor de seus interesses preferenciais, o que é lamentável.
Estão assassinando a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, isso ficará na conta e na história do Governador Geraldo Alckimin. Avisem a ele.
#somostodosbandasinfônica
#somostodosbandasinfônica
Pr. Carlos Roberto Silva
- Músico,
- Maestro
- Pastor Presidente da Assembleia de Deus Ministério de Cubatão
- Membro da Diretoria da UNIPEC - Conselho de Pastores de Cubatão
- Presidente da COMADESPE - (2.000 pastores filiados)
- Secretário do Conselho de Doutrina da CGADB - (80.000 filiados)
- Articulista do Jornal MENSAGEIRO DA PAZ (Editora CPAD)