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sábado, 1 de outubro de 2016

Religião influencia no voto? Especialistas opinam

No Brasil, onde 90% das pessoas seguem alguma religião, ela pode fazer a diferença na urna

No Brasil, mais de 90% da população afirma ter alguma religião, segundo o Censo do IBGE, de 2010. Em época de campanha eleitoral, os candidatos visitam templos na busca da bênção de líderes religiosos, que geralmente tem influência sobre sua comunidade.
Os candidatos a vereador que possuem influência junto a alguma comunidade religiosa podem usar isso para garantir sua eleição. Este ano, 774 candidatos se declaram sacerdotes ou membros de seita ou ordem religiosa. Destes, 94% concorrem a uma vaga de vereador.
Mas a religião influencia no voto? Embora a lei eleitoral proíba propaganda política em “bens de uso comum”, categoria que inclui templos religiosos, não é raro que os candidatos os frequentem na tentativa de angariar simpatias.
Ouvido pelo portal UOL, o pastor Galdino Jr., da Assembleia de Deus Santo Amaro, explica que geralmente os pastores conversam diretamente com o candidato, para saber se os valores estão alinhados com suas crenças. Ele é taxativo: “Uma coisa que eu não abro mão porque está na Bíblia: a questão da ideologia de gênero. Eu sou contrário”.
Mas essa não é uma preocupação de todos os líderes religiosos. O monge budista Francisco Handa, do templo Busshinji, explica que sua tradição “não se mete muito em política”.
Já Pai Salun, presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de São Paulo, confessa que a maioria dos candidatos evitam buscar apoio nos terreiros das religiões afro-brasileiras. “Nos procura aquele que já veio da umbanda, do candomblé. Porque [quem é] de fora tem preconceito, acha que se misturar com os macumbeiros não vai ganhar eleição”, assegura.
A influência da religião é sentido de modo mais intenso nas Câmaras de Vereadores. Na análise do professor Andrey Mendonça, da ESPM, a tendência é existir cada vez mais candidatos “com algum tipo de filiação religiosa e que agregam esse valor da filiação às suas candidaturas”. Isso poderá ser visto de maneiras diferentes.
“A religião tem percebido ao longo do tempo que é muito mais vantagem ter pessoas dentro do Legislativo do que no Executivo, porque o Executivo trabalha com as normas feitas pelo Legislativo”, assegura o professor.

Projeto político e religioso

Especialistas ouvidos pelo portal UOL acreditam que o processo de redemocratização do país, nos anos 1980, somado ao crescimento de igrejas evangélicas, são elementos que mudaram a relação entre política e religião no Brasil.
Marcelo Camurça, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, acredita que os votos só dos evangélicos não definem uma eleição, mas “pesam na balança”.
“As grandes campanhas majoritárias, pelo menos desde o início da década de 1990, passaram a cortejar este eleitorado”, lembra. “Candidatos não necessariamente evangélicos passaram a ir a cultos, pedir o voto desse contingente.”
Já Andrey Mendonça, insiste que as igrejas neopentecostais “têm, em geral, um projeto político, além do religioso”. Entre esses projetos está o da Concepab (Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil), que reúne pastores de diferentes denominações e oferece apoio a pelo menos cem candidatos em todo o país. Seu objetivo seria ter pelo menos 60% dos políticos eleitos.
Por sua vez, a Igreja Católica, que ainda reúne o maior número de fiéis no país, tradicionalmente tem uma atuação indireta. Geralmente os membros do clero não costumam se candidatar.
Contudo, possuem “um poderoso lobby e uma rede fantástica de contatos”, afirma o sociólogo Ricardo Mariano, da USP. “As pastorais católicas estão associadas a todos os temas possíveis e imagináveis da agenda política”, resume.
No entendimento de Mariano, a estratégia política confessional se mistura até com a formação de partidos. Ele cita o caso do Partido Republicano Brasileiro (PRB), tradicionalmente ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.
A legenda pode eleger os prefeitos das principais cidades do país. O bispo Marcelo Crivella no Rio de Janeiro e Celso Russomanno, em São Paulo. Pelo fato dessa associação no passado ter prejudicado campanhas, para o pesquisador da USP, o PRB agora busca “diluir ao máximo qualquer tipo de percepção dessa relação direta [com a Universal]”.
Isso pode ser visto na campanha de Russomanno que é católico e não gosta de responder perguntas sobre sua ligação com a IURD e o fato de Crivella ter usado na propaganda política desse ano até um pai de santo.
Em nota, a Universal esclarece que “é uma instituição religiosa e não exerce qualquer atividade política ou partidária. Assim, qualquer integrante de seu corpo eclesiástico — bispo ou pastor — que decida ingressar na carreira política, obrigatoriamente, licencia-se da Igreja para se ocupar da atividade pública de modo exclusivo”. O PRB não se pronunciou sobre o assunto.
Se ter fé influencia o voto, não ter aparentemente possui o mesmo peso. Em alguns casos, poderia derrubar um candidato. “Não há uma discriminação explícita, mas há uma reserva. Ter religião parece ter ética. Ser ateu parece ser alguém sem ética, que topa tudo”, ressalta o pesquisador Marcelo Camurça.
Daniel Sottomaior, presidente da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) diz que a entidade não endossa candidatos, mas eles divulgam os nomes de políticos ateus. “Faz parte do nosso papel promover a nossa representação política”, resume.
Fonte: Gospel Prime

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Pastor Carlos Roberto Silva
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