A PROVISÃO DE DEUS NO MONTE DO SACRÍFICIO por Pr. Adaylton de Almeida Conceição
FÉ PARA SUBIR O MONTE
DO SACRIFICIO
A história do quase-sacrifício de Isaque é uma das mais
tocantes da Bíblia. Além da sua dimensão psicológica (o que se passava pela
mente do pai, que vai sacrificar o filho, e do filho, que vai ser sacrificado),
tem uma dimensão existencial profunda, com uma aguda contemporaneidade.
A cena se desenrola em função do monte Moriá, lugar em que,
um milênio mais tarde o rei Davi compraria um sitio pertencente a Ornã para
nele construir o templo de Jerusalém (1 Crônicas
21.18). Foi neste monte onde Abraão esteve para oferecer Isaque que o rei
Salomão construiu o templo que levou seu nome (2 Crônicas 3.1).
Esta é uma história de poucos diálogos narrados. Quase
ninguém fala. Deus fala no início e no fim. No meio, está em silêncio. Abraão
só fala o essencial. É assim mesmo: na provação, experimentamos o silêncio,
tanto o silêncio de Deus, quanto o nosso próprio silêncio. Deus não deve dizer
nada, para que a prova aconteça; nós ficamos em silêncio porque não temos o que
dizer.
Abraão era um homem de muita fé em Deus! Era um homem que
tinha uma vida íntima com Deus, ao ponto de ser chamado amigo de Deus (Isaías
41:8). Na maioria dos relatos acerca da vida de Abraão, é destacado por Moisés
a fé e a obediência de Abraão para com Deus.
Apesar de toda fé e obediência de Abraão, ele não é a personagem
mais importante neste relato. A personagem mais importante neste relato é o
Grande e Poderoso Deus de Moisés, de Abraão e de Isaque. O Deus de cada um de
nós.
Um pedido difícil
Por toda bíblia, encontramos
indicações de que o mais grave pecado de todos era o sacrifício de crianças.
A Torah e os Profetas sempre se
referiam com horror a este tipo de sacrifício. Era o que os antigos pagãos
costumavam fazer em seus cultos de ocultismo e feitiçarias. O profeta Jeremias profetizou sobre isso:
"Porque
edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem me veio ao
pensamento" Jeremias 19:5.
De forma semelhante o profeta
Miquéias também o fez:
"Darei
o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da
minha alma?" Miquéias 6:7.
Sacrifício de crianças foi o feitiço
que o rei de Moabe fez, para que os deuses o fizessem vencer uma batalha contra
os Israelitas:
"Mas,
vendo o rei dos moabitas que a peleja prevalecia contra ele, tomou consigo
sete-centos homens que sacavam espada, para romperem contra o rei de Edom,
porém não puderam. Então tomou a seu filho primogênito, que havia de reinar em
seu lugar, e o ofereceu em holocausto sobre o muro; pelo que houve grande
indignação em Israel; por isso retiraram-se dele, e voltaram para a sua
terra." 2 Reis 3:26-27.
Isso é o que os idólatras fazem.
Assim, como pode a Torah chamar o sacrifício de Isaque de suprema realização,
se Abraão estava por fazer o mesmo tipo de sacrifício que os piores pagãos
idólatras fazem?
Contudo, em Gênesis 22:2, Deus ordenou a Abraão: “Toma teu filho,
teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali
em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei”. Gênesis 22:2. Isso
parece estar em total contradição com o seu mandamento para não oferecer
sacrifícios humanos.
O limite da
capacidade humana
Abraão e Sara
vinham esperando há décadas por um filho. Deus os tinha prometido repetida-mente
que eles teriam muitos descendentes, tantos quantas fossem as estrelas do céu,
ou o pó da terra, ou ainda os grãos de areia do mar. Mas o dia da provação é
chegado.
A verdade nesta história é que Deus
não quer que Abraão sacrifique seu filho. Deus não estava interessado em que
Abraão viesse de fato a matar o seu filho, nem era esse o seu plano. O fato de
o anjo do Senhor ter impedido que Abraão matasse Isaque (22:12) revela isso. O
propósito de Deus foi provar a fé de Abraão, com o pedido de que entregasse
completamente aquele seu único filho a Deus. O anjo do Senhor declarou que era
a disposição de Abraão de entregar o seu filho, e não o ato de realmente
matá-lo que satisfez as expectativas de Deus com respeito a Abraão. Deus disse
explicitamente: “Não estendas a mão
sobre o rapaz… pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o
filho, o teu único filho” (Gn 22:12
O conceito de que somos propriedade
do Senhor, começava a ganhar força a partir de então.
O texto é de poucas palavras.
Trata-se de uma narrativa seca, sem explicações. A Bíblia não descreve o que se
passa no interior de Abraão, nem de Isaque, parceiro (não sabemos se consciente
ou inconsciente) daquela "loucura".
A PROVAÇÃO DO MONTE
MORIÁ
Abraão tinha
obedecido a Deus muitas vezes em sua caminhada com Ele, mas nenhum teste
poderia ter sido mais severo do que o de Gênesis 22. Deus comandou: “Toma agora o teu filho, o teu único filho,
Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto
sobre uma das montanhas, que eu te direi” (Gênesis 22:2). Esse foi um
pedido impressionante porque Isaque era o seu filho da promessa. Como Abraão
respondeu? Com obediência imediata; na manhã seguinte, Abraão recomeçou a sua
jornada com dois servos, um jumento, seu amado filho Isaque e com a lenha para
o holocausto. Sua obediência inquestionável ao comando aparentemente confuso de
Deus deu a Deus a glória que Ele merece e nos deixou um exemplo de como devemos
glorificá-lO. Quando obedecemos da mesma forma que Abraão, confiando que o
plano de Deus é o melhor possível, nós elevamos Seus atributos e O louvamos por
eles. A obediência de Abraão à face de um comando tão difícil exaltou o amor
soberano de Deus, Sua bondade, o fato de que Ele é digno de confiança, e nos
deixou um exemplo a seguir. Sua fé no Deus que ele passou a conhecer e amar
colocou Abraão na lista de heróis da fé em Hebreus 11.
A história do Velho
Testamento sobre Abraão é a base do ensino do Novo Testamento sobre a Expiação,
a oferta do sacrifício do Senhor Jesus na cruz pelo pecado da humanidade. Jesus
disse, muitos séculos depois: “Abraão,
vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se” (João 8:56).
A prova da fé
Deus não estava em dúvidas quanto à
fé de Abraão quando o submeteu a prova!
O que Deus pretendia com a
‘provação’?
Com a provação Deus estava cuidando
de Abraão! Como?
Pedro nos diz: “Essas provações são para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa
do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória
e honra na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1:7 e 1Pe 4:12 -14).
OBEDECENDO A ORDEM
DE DEUS
“Levantou-se,
pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois
e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que
Deus lhe havia indicado”. É muito provável que ainda não tivesse saído o
primeiro raio de sol, e Abraão já estava pronto para cumprir a ordem do senhor
Deus. Abraão tinha muita fé no Deus provedor. Em gálatas 3:6, 7 – Paulo escreve
o seguinte: “É o caso de Abraão que creu
em Deus e isso lhe foi imputado para a justiça. Sabei, pois, que os da fé é que
são filhos de Abraão”.
Abraão creu que Deus era sim capaz de
trazer o seu filho à vida novamente. No versículo 5 lemos: “Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz
iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós”. Este “voltaremos” que está no versículo 5,
em conjunto com o que nos é dito em Hebreus 11:17-19 mostram, claramente, que
Abraão, quando posto à prova, não duvidou que Deus podia fazer um milagre,
restaurando seu filho à vida.
O momento decisivo
da prova
Quando Abraão ergueu a sua mão com o fim de matar Isaque, o
SENHOR interveio: “Abraão! Abraão! Não
estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças”. Agora, para Abraão, já não
era mais necessário sacrificar o seu filho amado. A sua fé já havia sido
confirmada. Foi Deus mesmo quem falou: “Pois
agora sei que temes a Deus”. Esta fé tão grandiosa que Abraão tinha foi
dada pelo próprio Deus. Deus providenciou esta fé tão magnífica ao seu servo
Abraão. Deus não tinha interesse na morte de Isaque. Até porque o próprio Deus
diz que não se agrada de sacrifício humano (Deuteronômio 12:31). Deus queria
mesmo era confirmar a fé de Abraão.
Com relação ao versículo que diz: “Agora sei que temes a Deus, pois não me negaste o teu filho, o teu
único filho” (Gn 22:12), temos um caso típico de antropomorfismo, ou
melhor, é um dos ‘modos’ de Deus se manifestar ou comunicar-se utilizando a
forma, o modo, a características ou a linguagem humana.
Do mesmo modo, ao fazer referência a Deus, diz-se que Deus
descansou, uma vez que o homem descansa. Porém, surgem as questões: sendo Deus
onisciente, onipresente e onipotente Ele pensa? Faz considerações? Chega a
conclusões? Precisa descansar segundo a concepção humana? ( Is 40:8 -31).
CONCLUSÃO
Finalmente, a informação mais importante diz respeito ao
carneiro que Deus providenciou para morrer no lugar de Isaque. Esse episódio
prenunciou um evento muito importante que ocorreria quase 2 mil anos depois, ou
seja, a morte de Cristo, "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo" (Jo 1.29). De fato, assim como o carneiro encontrado por Abraão no
alto do monte, preso em um arbusto, substituiu Isaque morrendo em seu lugar (Gn
22.13), nosso Senhor também agonizou sobre um monte, preso ao lenho, ferido com
espinhos, tudo a fim de morrer em nosso lugar.
Desse paralelo não se pode deixar de formular um convite à
fé. Sim, pois um cordeiro morreu no Monte Moriá e Isaque escapou da morte. Da
mesma forma, outro Cordeiro morreu no Monte Calvário e os que o recebem têm a
vida eterna. Por que, então, continuar com medo? Creia nele e escape da morte
também.
Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o
justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas
vivificado pelo Espírito. (1Pe 3.18).
A pergunta de Isaque
ecoa na história da humanidade:
- Onde está o cordeiro?
Abraão só pôde responder: "Deus proverá". Agora,
no entanto, a resposta é outra. Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo (João 1.29).
Nós somos Isaque, não o Isaque de Abraão, mas o Isaque de
Deus. Deus proveu um Cordeiro para morrer em nosso lugar, para que, como
Isaque, pudéssemos descer de Moriá. Ele ficou lá, para que não precisássemos
ficar.
Pr. Adaylton Conceição de Almeida (Th.B.;Th.M.;Th.D.)
Ass. de
Deus em Santos (Ministério do Belém) - São Paulo.
Email:
adayl.alm@hotmail.com
Facebook:
adayl manancial
BIBLIOGRAFIA
- Edson Cavalcante – Porque Deus pediu que Abraão sacrificasse o seu filho Isaque.
- Israel do Nascimento Silva - Abraão Oferece Isaque em Sacrifício.
- Marcos Granconato – A grande prova de Abraão.
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Pastor Carlos Roberto Silva
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