sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

JOSE, A REALIDADE DE UM SONHO - EBD/ CPAD - Lição13 - Subsídio Teológico


"Às vezes Deus de fato conduz seus filhos ao sofrimento”. Mas isso sempre acontece para que, por meio do sofrimento, ele possa produzir um bem maior. (Lawrence Richards, Comentário Bíblico do Professor).”

José do Egito é a história Bíblica de José filho de Jacó relatada no livro de Gênesis nos capítulos 37 a 50 da Bíblia, que conta a trajetória de um jovem que foi vendido como escravo e chegou a governador do Egito.

A história de José é uma peça fundamental na saga dos patriarcas. Abraão é apresentado na Bíblia como um exemplo de fé. A história de Isaque, seu filho, revela o caráter provedor de Deus. Jacó, neto de Abraão, demonstra como Deus faz suas escolhas, baseado apenas na sua própria misericórdia, e não no mérito humano.

Na história de José, somos conduzidos a um elemento fundamental, através do qual Deus levou adiante as promessas da aliança: a fidelidade. José é um dos maiores exemplos de fidelidade, no Antigo Testamento. Além, é claro, da tão visível fidelidade de Deus.

José vinha de uma família muito grande, mas que não era feliz nem unida. Dentre os doze filhos varões de Jacó, um tem-se destacado, por demonstrar excelentes virtudes e por refletir uma beleza interior do coração.

Embora as Escrituras Sagradas nada digam a respeito da infância de José, é possível deduzir que ele tenha crescido numa tensa atmosfera familiar repleta de ciúme e ressentimento.

Mesmo diante das muitas adversidades sofridas durante a sua trajetória, ele manteve-se fiel a Deus.

NASCIMENTO E ADOLESCÊNCIA DE UM JOVEM SONHADOR

Quando José nasceu, Jacó, seu pai, ainda trabalhava para Labão, seu sogro. Foi o primeiro filho de Raquel, a mulher a quem Jacó amava. Sua mãe lhe deu esse nome, como expressão do seu desejo de ter outro filho, desejo este realizado mais tarde, quando do nascimento de Benjamim.

Raquel, a mãe de José teve a criança depois de anos de esterilidade (Gênesis 30:22). Embora fora precedido por dez meios-irmãos, esse filho foi muito esperado. José foi saudado por sua mãe Raquel como um sinal da parte de Deus. Disse ela: “Tirou-me Deus a minha vergonha.” Gênesis 30:23. Jacó tinha 91 anos quando José nasceu.

Deus manda Jacó voltar à terra de seus pais. Atendendo as orientações de Deus, Jacó partiu de Padã-Arã com toda a sua família, para voltar à terra de Canaã (Gênesis 31:17 e 18). Durante sua viagem de retorno à Canaã, Jacó morou em Sucote e depois em Siquém (Gênesis 33:17-19). Mais tarde foi morar em Betel (Gênesis 35:1, 5 e 6). Em Betel o próprio Deus anunciou ao idoso Jacó a mudança de seu nome, que passou a ser chamado de - Israel: “aquele que luta com Deus” (Gênesis 35:10). Posteriormente, em caminho de Betel para Efrate (Belém), morreu Raquel, mãe de José, ao dar à luz Benjamim (Gênesis 35:19).

A HISTÓRIA DE JOSÉ

A história de José é uma das mais instrutivas do Velho Testamento. Não é sem razão que o livro de Gênesis dá mais espaço a vida de José do que a de qualquer outro personagem. Sua vida foi tão significativa que ele foi incluído na galeria dos heróis da fé, mencionada em Hebreus 11:22. Mas “o relato dos sonhos, vindo logo no início, faz de Deus, não de José, o herói da história”, afinal, não há quem controle os próprios sonhos. Os capítulos anteriores de Gênesis narram diversos fatos que nos levam a concluir que José vivia em um lar dessestruturado. A narrativa bíblica dá, ainda, a impressão de que Israel (Jacó) nada aprendera com sua experiência anterior de favoritismo, tanto que Gênesis 37:3 diz: “Ora, Israel gostava mais de José do que de qualquer outro filho, porque lhe havia nascido em sua velhice”.

Na história narrada a partir do capítulo 37, vemos que os irmãos de José o odiavam porque percebiam a preferência do pai. O clima entre eles era tão ruim que o texto diz que “não conseguiam falar com ele amigavelmente”. A situação já era complicada quando José teve sonhos, e relatou-os, tanto aos seus irmãos, quanto ao seu pai.

Quando José contou um sonho que profetizava que seus irmãos seriam seus súditos, eles passaram a odiá-lo ainda mais. Nesse sonho, o molho de trigo de José crescia altaneiro, enquanto os dos irmãos, em submissão, o rodeavam e se curvavam em reverência ao molho dele (Gênesis 37:5-8). Outro sonho acirrou sobremaneira a rivalidade fraterna. José sonhou que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante ele, indicando que não só seus irmãos, mas também seu pai e mãe (evidentemente não Raquel, pois esta já havia falecido, mas talvez a principal esposa viva de Israel), se curvariam diante dele. Até Jacó se constrangeu com este sonho e repreendeu-o por causa disto. Diz o relato bíblico que os irmãos de José o invejavam e seu pai guardava o caso no seu coração (Gênesis 37:11). Com certeza Jacó reconhecia a natureza profética desses sonhos.

A ira dos irmãos os levou a desejarem sua morte, e isso só não aconteceu por intervenção divina. Ruben, o irmão mais velho, foi usado por Deus para livrar José (Gn 37:21). Ao invés de mata-lo, resolveram vende-lo.

Seus irmãos lhe arrancaram a túnica, marca da preferência do pai, e o jogaram em um poço, que estava vazio (Gn 37:23).

Algum tempo depois, na ausência de Rúben, quando os outros irmãos sentaram-se para comer, avistaram uma caravana de ismaelitas (também chamados de midianitas, raça árabe descendente de Quetura (Gênesis 25:1-6) que fazia a sua tradicional rota comercial que ligava a Síria ao Egito com especiarias e outras mercadorias. Judá propôs então vender seu irmão àqueles mercadores, em vez de deixá-lo morrer na cova. De imediato, Judá reconheceu ser uma oportunidade de dupla vantagem. Vendendo José como escravo, ponderou ele, eximir-se-iam da responsabilidade pelo seu destino e eles permaneceriam limpos de seu sangue. Disse Judá: Não seja nossa mão sobre ele; porque é nosso irmão, da mesma carne que nós.” Gênesis 37:27. Ao mesmo tempo, a venda lhes renderia 20 ciclos de prata, o preço médio de um escravo à época. Com esta proposta todos concordaram, e José foi rapidamente tirado da cova. Apesar dos rogos de José pedindo compaixão, entregaram-no às mãos dos mercadores de escravos.

José vai para a prisão injustamente

Quando os mercadores chegaram ao Egito, venderam José a Potifar, oficial e capitão da guarda que protegia o Faraó, rei do Egito. Deus, contudo, estava sempre com José. Logo o seu patrão viu que ele era um homem trabalhador e confiável. Tudo que José fazia era bem feito e dava lucro ao seu patrão.

A esposa de Potifar viu que José era um bom administrador e era também muito bonito. Enamorou-se ela do jovem rapaz. Este, porém permaneceu indiferente às suas atitudes de conquista.

José se recusava a aceitar os carinhos da mulher, pois sabia que era errado. Afinal ela era es-posa de Potifar, seu patrão. Um dia, porém, ela mentiu a seu marido, acusando José de tê-la ofendido. Potifar acreditou na história de sua mulher e ficou furioso. Mandou José para a prisão.

Era tudo muito injusto! Mas José sabia que Deus nunca o abandonaria, Ele confiava plena-mente no Senhor Deus. E Deus estava com José, mesmo dentro da triste prisão. Deus nunca abandona aqueles que o amam de verdade e fazem tudo sem maldade.

Assim como José, também nós não entenderíamos os motivos por trás dessas coisas. Sentir-nos-íamos confusos e lamentaríamos como Jó. Mas, permita-me dizer novamente: “TODAS as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28). Nós temos uma visão – e muito limitada – apenas do presente e do passado. Por outro lado Deus tem uma visão plena de tudo: passado, presente e futuro.

NA PRISÃO, DEUS CONFIRMA QUE NÃO ABANDONA AOS QUE LHE SÃO FIÉIS

Por ter decidido ser fiel, não importando o que lhe viesse a acontecer, Deus era com José, estendendo sobre ele a Sua benignidade, e dando-lhe graça aos olhos do carcereiro.” Gênesis 39:21. Na prisão Deus mais uma vez intervém. O capitão da guarda, por causa da conduta exemplar de José, deu-lhe um cargo de confiança sobre os outros presos, inclusive dois homens de considerável importância, lançados posteriormente na mesma prisão: o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros. Certo dia, José notou que ambos tinham uma expressão muito preocupada. Eles disseram que haviam tido um sonho estranho e que não podiam compreender o seu significado. Depois de atribuir a interpretação a Deus, José fez saber a eles a significação: em três dias o chefe dos copeiros seria reintegrado à sua antiga posição, e daria o copo nas mãos de Faraó, como fazia antes. O diligente José pediu ao chefe dos copeiros que se lembrasse dele quando estivesse de volta à corte, pedindo ao Faraó a sua libertação. Quanto ao chefe dos padeiros, em três dias este seria condenado à morte por ordem do rei. E assim aconteceu. No terceiro dia, que era aniversário de nascimento de Faraó, deu este um banquete a todos os seus servos; e, no meio destes reabilitou o copeiro chefe, mas ao padeiro chefe enforcou como José lhes havia interpretado. O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele Gênesis 40:20-23.

Nós não teríamos a história do copeiro-chefe e do padeiro-chefe neste capitulo das Escrituras, caso eles não estivessem relacionados com o propósito de Deus em relação a José.

Estes dois homens seriam importantes no Seu propósito de conduzir José à presença do faraó, e por isto Deus lhes deu sonhos nos quais estava revelado em enigma o futuro de ambos.

Deus tinha o melhor para José

De volta à sua antiga posição, o chefe dos copeiros somente veio a se lembrar de José dois anos mais tarde, quando o monarca egípcio se viu atormentado por dois sonhos estranhos. No primeiro sonho, ele viu sete vacas magras que comiam sete vacas gordas, e no segundo sonho ele viu sete espigas de trigo mirradas que comiam sete espigas granadas e belas. Nenhum sábio ou mágico do Egito fora capaz de decifrar esses sonhos, foi quando o chefe dos copeiros, de repente, lembrou-se do jovem que o confortara na prisão. Levado à presença do Faraó, José voltou a insistir que seu poder para interpretar sonhos vinha de Deus. Disse ele: “Quem sou eu! É Deus que dará ao Faraó uma resposta de paz.” Gênesis 41:16. No mesmo instante José revelou que os sonhos prediziam sete anos de abundância no Egito, seguidos de sete anos de grande escassez e que os dois sonhos tinham o mesmo significado. Disse ele a Faraó que “o fato está bem decidido da parte de Deus e Deus tem pressa em realizá-lo” Gênesis 41:32. Por isso, prosseguiu José, o Faraó deveria escolher “um homem ajuizado e sábio” para criar um programa de estocagem de grãos durante o período fértil. Faraó, que escutara atentamente tudo o que José dizia, não apenas ficou impressionado pela clara interpretação de seus sonhos, como também pelo sábio conselho que lhe dera. No mesmo instante José foi nomeado governador de todo o Egito.

O escravo liberto, agora com 30 anos de idade (Gênesis 41:46), após 13 anos de servidão, foi ritualmente adotado pela corte, recebendo um nome egípcio: Zafenate-Panéia.

Chegaram os anos de miséria. A todos que pediam socorro ao Faraó, dizia ele que se dirigissem a José. E este a todos socorria.

Nossos sonhos podem se tornar realidade quando não desistimos.

A caminhada não foi fácil para José: foi ridicularizado, invejado e odiado pelos irmãos que queriam matá-lo; vendido como escravo barato, sofreu assédio sexual; foi preso, vítima de uma mentira. No entanto, nunca teve complexo de vítima. Olhava sempre para frente, não murmurava, fazia sempre o melhor e, por isso, venceu todos os obstáculos. Quanto mais altos os seus sonhos, maiores os obstáculos que você terá que enfrentar.

Para alcançar nossos sonhos precisamos preservar nossa integridade.

José foi testado com rigor quanto ao seu caráter, mas ele nunca se deixou corromper. Permaneceu íntegro, fiel, leal a Deus e às pessoas. Quando a mulher do seu chefe tentou insistentemente seduzi-lo, ele fugiu, não brincou com o pecado. O caminho do verdadeiro sucesso passa pela integridade.

Muito mais que sonhos para se alcançar a vitória.

Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Hebreus 10:36.

Precisamos de paciência para fazer a vontade de Deus e, embora não gostemos, paciência é construída por meio de tribulações. Não há atalhos aqui. José não poderia chegar ao passo 3 [ser o segundo no comando no Egito e trazer a salvação a Israel] sem passar pelo passo 1 [ser odiado por seus irmãos e vendido como escravo ao Egito na casa do Potifar] e passo 2 [jogado injustamente na prisão].

Conforme o salmo 105 nos diz: “foi posto em ferros; Até ao tempo em que chegou a sua palavra.” Os planos de Deus para José era o passo 3 desde o princípio. Contudo Ele não conseguiria realizá-lo sem os passos 1 e 2, isto é, sem tribulações. Muitos de nós queremos ir ao passo 3 sem passar pelos passos iniciais. Queremos a ressurreição sem a crucificação. Queremos ser discípulos em carregar a cruz. Isto é simplesmente impossível. Se o filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, “aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hebreus 5:8) achamos que podemos aprender de outro modo? Se a resposta for sim, então nos enganamos a nós mesmos.

CONCLUSÃO.

A história de José é mais do que somente uma história sobre José do Egito. Ela é sobre cada um de nós, e sobre a delicada, sutil e nem sempre aparente intervenção divina ao nosso favor.

Às vezes nós temos apenas alguns poucos sinais do agir de Deus em nossa vida. Muitas vezes nós temos nossas orações respondidas, mas não no tempo em que esperávamos ou da maneira que pensávamos.

Em alguns casos, a resposta veio quando já tínhamos perdido a esperança. A providência existe, mas as coisas não acontecem simplesmente porque nós queremos. A nossa vida faz parte de um planejamento muito maior do que imaginamos.

O que José descobriu na lacuna de tempo entre as duas partes de sua história é que além de termos iniciativa, é preciso paciência, humildade e confiança. Se nossas orações são legítimas, Deus irá respondê-las, mas não necessariamente quando ou do modo que queremos.

A história de José é muito mais que o simples retrato de um homem de grande caráter e de fé admirável. É também um marco decisivo na história do povo escolhido de Deus e um modelo de conduta para todos quantos desejam sinceramente ser fiéis ao Senhor.

Pr. Dr. Adaylton Conceição de Almeida (Th.B.;Th.M.Th.D.;D.Hu.)
(O Pr. Dr. Adaylton de Almeida Conceição foi Missionário no Amazonas e por mais de 20 anos exerceu seu ministério na Republica Argentina, é Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Escritor, Professor Universitário, Psicanalista e Pós Graduado em Ciências Políticas e em Psicanálise, Doutor em Psicologia e em Humanidade, Diretor da Faculdade Teológica Manancial e Professor do Seminário Teológico Kerigma). 

Facebook: Adayl Manancial

BIBLIOGRAFIA
  • Adaylton de Almeida Conceição – Dispensações  (Períodos Bíblicos)
  • L.C.L. Fillion, La Sainte Bible, commentée d’après la Vulgate, Paris, Letouzey et Ané, Éditeurs, 1899.
  • John L. McKenzie, S.J., Dicionário Bíblico, Paulus, São Paulo, 1984, pp. 506 e ss.
  • Israel do Nascimento Silva – José Lançado na Prisão
  • Glaucio Barcelos - José do Egito de Escravo a Governador do Egito
  • Anastasios Kioulachoglou – José- Um homem de paciência
  • José Maria dos Santos - Patriarca José,  Governador do Egito, exemplo de perdão
  • José Silvio Dutra - José Revela o Significado dos Sonhos de Dois Oficiais de Faraó
  • Claudio Duarte e Milca C – José - (ESTUDO 10)
  • Joares Mendes de Freitas - Transformando sonhos em realidade.

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