terça-feira, 20 de outubro de 2015

O Desvirtuamento e a banalização da música gospel


1. O termo "Música Gospel" abrange um campo da música muito vasto. Seus estilos, embora com nomes variados, possuem todos uma mesma essência e raiz, ou seja, a música cristã negra nos Estados Unidos da América.

2. A palavra gospel significa "evangelho" ou "evangélico". Contudo,quando se refere a estilos musicais, um rock, um funk, um samba, um pagode, um "pop contemporâneo", um metal, etc, são estilos distintos e não são o gênero original cunhado como música gospel.

3. Entretanto, no Brasil, o termo Gospel passou a remeter genericamente a toda expressão musical da fé evangélica, saindo fora, do conceito original. Basta ter algum conteúdo cristão na letra e já a música é reconhecida e vendida como gospel. Não importa se a mensagem é herética, desvirtuada, sensual ou de apologia mundana. Importa vender.

4. Isto evidentemente é alimentado pela gigantesca indústria multi-bilionária de gravação musical. Nas últimas décadas surgiu um incontável número de gravadoras gospel. Desde as mais sofisticadas e famosas até aquelas caseiras e quase artesanais e igualmente lucrativas.

5. As estatísticas mostram a música gospel lucrando milhões de reais. Serve para enriquecer as gravadoras e seus respectivos cantores. Ajuda também a enriquecer líderes sem escrúpulos que fazem uso deste filão musical para angariar fundos para si, promover seus projetos eclesiásticos e ministeriais. O temor a Deus e a sua palavra inexistem.

6. No afã de aumentar suas rendas e lucrar cada vez mais, a música gospel e seus promotores se renderam as estratégias típicas do mundo. Variados tipos de “shows gospel” são organizados para arrebatar e entreter os incautos, os neófitos e os de fé capenga. Em alguns arraiais tidos como evangélicos, inclusive, tornou-se prática comum a cobrança de ingresso para a entrada em tais shows. Em outros lugares, até o sensualismo, danças exóticas, coreografias descabidas, aplausos, assovios, histerismos e outros comportamentos condenáveis são imitados e repetidos tal qual sucede no mundo.

7. A imitação da conduta mundana não justifica os propósitos (por mais nobres que pareçam ser) e fere os preceitos bíblicos claramente expostos pelo Apóstolo dos gentios: “Não tomeis a forma deste mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm12.2).“Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância” (1Pe 1.14)

8. Existe uma questão no coração de crentes sinceros e que exige reflexão igualmente sincera: A quem estamos imitando e qual é a finalidade dos shows gospel cujos ingressos são cobrados? Não importa se o ingresso esteja disfarçado como contribuição para participar de algum sorteio ou para ajudar supostos necessitados com alimentos não perecível ou possível ajuda missionária. Os fins não justificam os meios. Fomos libertos do mundo e por isso não somos reféns de suas práticas reprováveis.

9. A igreja não deve e nem pode imitar o mundo. Quem assim o faz, anula a cruz de Cristo e se torna refém do engano e do pecado. A esta lamentável conduta de alguns segmentos ditos evangélicos, cabe uma única e sincera resposta: “o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé” (1Tm 6.10).

10. Sou consciente que este artigo vai atingir em cheio muita gente que pratica, concorda e apoia esta estratégia e conduta mundana. Sei que um grupo razoável de pessoas irá discordar da verdade que aqui está claramente exposta.É possível até que alguns saiam em defesa do erro e fiquem contra a ortodoxia cristã.

11. Que posso fazer? Ser politicamente correto e me calar? Assistir passivamente o Evangelho de Cristo ser causa de ganho? Observar multidões serem ludibriadas com palavras fingidas e falsa espiritualidade? Graças a Deus que de antemão nos advertiu pela Escritura: “Por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (2Pe 2.3).

12. Lamento profundamente pela vida daqueles que por rebeldia e insubmissão se recusam a enxergar a verdade. Quem está na carne não consegue discernir as coisas do Espírito, pois elas lhe parecem loucura (1Co2.14). O ego, a soberba, o ser sábio aos próprios olhos e a vaidade servem de impedimento para se converterem de seus maus caminhos. Rogo a Deus que levante mais atalaias para bradar contra o perigo iminente:

Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça!
(Isaías 5:20-23)

“Se nada for feito e se ninguém bradar, a partir do desvirtuamento da música gospel desenvolveremos outros gêneros de pecados gospel”

OBS: Texto originalmente publicado em meu blog pessoal em 16 de outubro de 2012. Permanece tão atual quanto há três anos.

Por Pr. Douglas Roberto de Almeida Baptista

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