A humanidade foi criada num lugar perfeito, mas pecou e foi
expulsa, vivendo agora "em trabalhos e fadigas numa terra que o Senhor
amaldiçoou" (Gênesis 5:29). E assim começa a saga da humanidade na terra.
O capítulo 4 de Gênesis apresenta a triste história do
primeiro homicídio da Terra. Caim, o primeiro homem nascido de mulher, matou o
próprio irmão depois que teve sua oferta recusada por Deus. O que deveria ser uma
ocasião de ações de graças enlutou a família de Adão. Caim demonstrou, dessa
forma, que era do maligno, que tinha um coração e atitudes que desagradavam a
Deus.
O primeiro bebê.
“Conheceu Adão a Eva,
sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim...” (Gn 4.1). Isto parece mais um telegrama. Todavia, quanto
está envolvido! Pela primeira vez na história da humanidade homem e mulher relacionaram-se
sexualmente... e a mulher concebeu. A gravidez e o parto poderiam ser somente
prazer e alegria, mas por causa do pecado foram muito sofridos. O parto foi
natural, sem parteira, sem médico, sem ninguém, exceto Adão, Eva e Deus. Era um
menino! Adão fez o melhor que pôde para limpá-lo e o colocou nos braços da mãe.
Esta, aliviada, suspirou e disse: “Adquiri
um varão com o auxílio do Senhor...” (Gn 4.1). Não se sabe o exato
significado do nome Caim, mas aproxima-se disto: “adquirido do Senhor”.
Gn 4.1-7 – “Conheceu
Adão a Eva, sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse:
Alcancei do Senhor um varão. Tornou a dar à luz a um filho, chamado Abel, irmão
de Caim. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. Ao cabo de
dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel também trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para
Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Pelo
que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. Então o Senhor
perguntou a Caim: Por que te iraste? e por que está descaído o teu semblante?
Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não
procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre
ele tu deves dominar.”
CAIM E ABEL
Adão foi criado diretamente por Deus, e Eva foi criada a
partir de uma costela de Adão. Caim foi a primeira pessoa que nasceu no mundo
como fruto da união do homem com a sua mulher. Com o nascimento de Abel foram
ambos, os primeiros irmãos no mundo.
Caim (hebr. qayin, "artífice, ferreiro"). Primeiro
filho de Adão e Eva (Gn 4, 1), epônimo antepassado dos quenitas. Há um jogo de
palavras em seu nome que, provavelmente, explica-se com Kanîti'ish "Tive um filho homem".
Abel (hebr. hebel, nome que significa "vaidade",
"nulidade"; com toda probabilidade, deriva do acádico aplu,
"filho", origem do nome indicaria uma origem mesopotâmica da
narrativa). Abel era o segundo filho de Adão e Eva.
Abel tornou-se pastor de ovelhas e Caim cultivava o solo (Gn
4, 2). Passado o tempo, Caim apresentou produtos do solo em oferenda a Deus;
(Gn 4, 3) Abel, por sua vez, também ofereceu as primícias e a gordura de seu
rebanho. Ambos ofereciam a Deus sacrifícios do fruto de seus trabalhos: Caim,
os frutos da terra; Abel, os primogênitos dos seus rebanhos.
Caim é citado 4 vezes nas Escrituras. No princípio da sua
história, em Gênesis capítulo 4, do verso 1 ao 25. Em Hebreus 11.4 onde se
refere sobre o mesmo episódio. Em I João 3.12 e neste verso de Judas. Estes
versos nos dão uma ideia clara do que Judas está dizendo acerca desses homens
ímpios, que estavam dissolvendo a graça, isto é, tornando a graça misturada,
corrompida com outras coisas, e negando o único soberano Senhor. Tirando do Senhor
e trazendo para o homem o poder e a justiça.
Aprendendo com Abel
Abel tinha como ocupação a atividade de pastorear ovelhas ao
passo que seu irmão Caim era lavrador. Alguns pontos chamam nossa atenção em
sua vida:
A oferta de Abel
Qual foi o diferencial da oferta de Abel? Por que Deus não
atentou para a oferta de Caim? Essas perguntas já foram palco de inúmeros
debates e teorias. Alguns dizem que a oferta de Abel era melhor que a de Caim
porque este havia ofertado frutos estragados. Outros dizem que sua oferta foi
rejeitada porque havia entregue do fruto da terra e já que esta fora
amaldiçoada, Deus não aceitaria (Gn 3.17). Outros defendem ainda que o correto
seria uma oferta que derramasse sangue, pois sem derramamento de sangue não há
remissão (Hb 9.22b). Embora as duas
últimas teorias possuam grande lógica, a Bíblia não deixa isso explícito.
Podemos ler em Hb 11.4 que foi pela fé que “Abel
ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim” (Hb 11.4). O mesmo
autor da carta aos hebreus declara que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb
11.6), motivo pelo qual Caim não conseguiu.
Se olharmos com cuidado vamos notar que o que Deus aceitou e
não aceitou não foi somente a oferta de Caim, mas o próprio Caim: "Mas para Caim e para a sua oferta não
atentou" Gênesis 4.5. A oferta foi resultado do coração e da mente de
Caim. Tanto Caim como Abel estavam na mesma situação: como pecadores. Ambos
nasceram e herdaram dos seus pais uma natureza caída e num estado de rebeldia e
inimizade contra Deus (Col. 1.20). Nenhum deles era inocente. Os dois estavam
destinados à perdição eterna, e só a graça de Deus e o poder justificador de
Deus poderiam tirá-los daquela miserável situação.
AS OBRAS DE CAIM
Talvez pensemos que Caim matou seu irmão por inveja, porque
Deus não olhou com agrado para a oferta dele. No entanto Deus vê mais
profundamente. Caim era um homem inteiramente do maligno, por isso “suas obras
eram más”, em contraste com as obras justas de Abel. Esse foi o motivo que o
levou ao fratricídio. No fundo, teve de reconhecer que Deus tinha razão quando
“não atentou” na oferta que ele ofereceu (Gênesis 4:5). Ela não servia porque
era a visível expressão de seu estado interior.
Por meio de Adão “entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a
morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos
pecaram” (Romanos 5:12). Todos nós somos pecadores, sem exceção, temos pecado;
isso é inerente à nossa natureza caída.
“Não há homem que não peque” (1 Reis
8:46). Por isso todos fomos entregues à morte.
Aqui está a resposta a quem hoje pergunta: Que culpa eu
tenho de ter nascido pecador? Você não tem culpa, mas os seus pecados são fruto
de sua natureza pecaminosa. Ele julgará você pelas obras pecaminosas que você
cometeu e não se arrependeu. Mas todos os que crêem na obra expiatória de
Cristo têm os pecados perdoados. “O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
purifica de todo pecado” (1 João 1:7).
O caminho de Caim
Este é o caminho de Caim. O caminho dos homens ímpios que
dissolvem a graça e negam o poder do único Senhor e soberano Jesus Cristo. Essa
graça dissolvida leva a uma justiça própria e a um estado de pensar que estão
vivos, estando mortos; tendo nome de que vivem, mas estão mortos para Deus
(Apoc. 3.1). O caminho de Caim leva o evangelho da cura, da prosperidade, isto
é, um outro evangelho, que não é outro, senão um anátema, pregado em lugar do
evangelho da graça.
Mas não somente isto. Caim é a figura dos que se dizem
cristãos, mas são segundo a carne; que perseguem os seus irmãos que são segundo
o espírito, como também Ismael a Isaque, Esaú a Jacó e muitos outros depois de
Caim (Gál. 4.29). João pelo Espírito escreve: "Nós sabemos que passamos da
morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece
na morte. Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum
homicida tem a vida eterna permanecendo nele" I João 3.14-15.
DEUS COLOCA UM SINAL
EM CAIM
Há muito tempo que a história do primeiro homicídio narrada
em Gênesis 4 desperta nos leitores da Bíblia, uma curiosidade sobre o sinal que
Deus pôs em Caim após o assassínio de seu irmão. Uma marca distinta posta
talvez na carne ou talvez na alma de Caim para que ninguém o ferisse ao
encontrá-lo. Muitas foram as conjecturas sobre este sinal, mas a famosa marca,
apesar de toda especulação, permanece obscura.
Como está escrito em Deuteronômio 29:29 - "As coisas encobertas pertencem ao
Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos
para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei".
A Bíblia apesar de não especificar qual, ou o que era o
sinal posto no primeiro homicida da história, ela nos dá alguns subsídios para
que possamos compreender como ele a herdou.
O cap. 6 de Gênesis faz uma distinção entre os filhos dos
homens e os filhos de Deus, depois da multiplicação por sobre a terra dos
descendentes de Caim e de Sete. Podemos perceber que na descendência de Adão
não consta mais o nome do seu primogênito (Caim), mas apenas o nome de Sete
(Gênesis 5:3), isto porque Caim era do maligno, por causa das suas obras que
eram más (1 João 3:12). Adão e Eva pensavam que no primeiro filho se cumpriria
a promessa divina de esmagar a cabeça da serpente, por isso deram o seu nome de
Caim (alcançado, possuído, dádiva). Mais tarde reconheceram o quanto estavam
errados porque, quando nasceu Sete (nomeado, reposição) Eva disse: "Deus me deu outro filho em lugar de
Abel (vapor, névoa, transitório, vaidade ou nada); porquanto Caim o matou"
(Gênesis 4:25).
O FRUTO DISTINGUE A
ÁRVORE.
"Por seus frutos
os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos"? Mateus 7:16.
Caim disse: "a minha maldade é imperdoável, da terra
sou expulso, esconder-me-ei da Tua face, serei fugitivo e vagabundo e quem me
encontrar me matará" (Gênesis 4:13-14). Eis o "sinal" de Caim:
ignorar o perdão de Deus, amar àquilo do qual foi expulso - o mundo; fugir e
esconder-se da presença do Criador, viver sem compromisso e irresponsavelmente
- vagabundo e fugitivo; ter medo do seus semelhantes.
É certo que a descendência de Sete - os filhos de Deus - não
fariam as mesmas obras que os filhos de Caim, visto que, sendo uma geração
piedosa, não comungariam com os malignos, tanto que depois do nascimento de
Enos eles começaram a invocar o nome do Senhor (Gênesis 4:25-26).
"Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz
no Maligno" (1 João 5:19). E tudo o que há no mundo, não vem de Deus (1
João 2:16). Partindo deste raciocínio, nós podemos concluir que todas as coisas
deste mundo são do diabo, pois ele mesmo as ofereceu aos que prostrados o
adorassem (Mateus 4:9). Paulo nos orienta que, como já vivemos o fim dos
tempos, de agora em diante os que choram, como se não chorassem; os que folgam,
como se não folgassem; os que compram, como se não possuíssem; e os que usam
deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência do mundo é vaidade
(1 Coríntios 7:29-31).
POR QUE CAIM MATOU
ABEL?
Partindo do pressuposto que o melhor comentário da Bíblia é
a própria Bíblia, encontramos a resposta nas Escrituras. O Novo Testamento lança
luz sobre o Antigo Testamento e revela a razão pela qual Caim matou o seu
irmão. “O motivo íntimo do desumano ato de Caim é revelado em 1 João 3.12”.
“Porque a mensagem
que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; não
segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o
assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1 Jo 3.11-12).
O apóstolo João interpreta a narrativa de Gênesis e afirma
que o motivo principal do crime era a natureza pecaminosa de Caim, cujo coração
era maligno e perverso. João é categórico ao dizer que Caim era do Maligno e
suas obras eram más. Tendo em vista que nada incomoda mais as trevas do que a
luz, Caim nutria uma diabólica animosidade para com Abel, homem de fé (Hb 11.4)
e justo (Mt 23.35).
“Os atos de Caim era malignos, e os de seu irmão eram
justos. Esses dois adjetivos oferecem contraste. A palavra grega para maligno é
a mesma que João usa para descrever Satanás (2.13,14; 5.18,19). Em resumo, João
revela que as obras de Caim tiveram sua origem em Satanás. Em outras palavras,
Caim pertencia a Satanás e Abel pertencia a Deus”.
Lição da história de
Caim e do primeiro crime do mundo.
O principal propósito da revelação com a história de Caim é
nos apresentar o primeiro homem que permaneceu como amigo da serpente, o diabo,
sendo contado na sua descendência, por sua semelhança moral com ele, dando-se
assim início ao cumprimento da maldição que Deus proferiu contra Satanás, que
ele teria também uma descendência que se oporia e seria inimiga daqueles que
seriam contados como descendência daquele que descenderia da mulher no futuro e
que esmagaria a cabeça do diabo, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo.
Caim se tornou o modelo, o protótipo de todos aqueles que
permanecem como inimigos de Deus para sempre, como lemos na epístola de Judas,
verso 11: “Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim...”.
E em I João 3.12: "Caim
que era do maligno e assassinou a seu irmão; e porque assassinou? Porque as
suas obras eram más, e as de seu irmão, justas”.
A pergunta de Deus a
Caim no verso 6:
“Por que te iraste e
por que está descaído o teu semblante?”
Ele não estava procurando ser informado, porque Ele nunca
precisa de qualquer informação, pois tudo sabe e conhece, até o mais recôndito
dos nossos pensamentos. Com a pergunta feita Ele queria simplesmente incitar
Caim ao diálogo. Ele veio a Caim para que Ele avaliasse as motivações do seu
coração, e ponderasse acerca da sua ira contra Deus e seu irmão. Deus lhe
revelou que apesar de toda aquela ira injustificada havia esperança de cura
para os seus sentimentos. Havia aquela fonte de graça para ser apropriada pela
fé, a saber, a cobertura do sangue de Jesus, tipificado naquela oferta que Caim
se recusava a apresentar, e que apontava para o único meio que pode reconciliar
qualquer pecador com Deus.
Ao afirmar que qualquer que matasse Caim seria vingado sete
vezes, Deus quis indicar que faria com que a morte de Caim fosse vingada
perfeitamente caso alguém o matasse. Com isto Ele demonstra o quanto é contra o
crime de assassinato e que todo o que matar pela espada (violência) pela espada
será morto.
Isto e um principio de justiça em Deus, a quem pertence a
vingança.
Com isto, Deus não estava instituindo um privilégio para o
assassino, como se estivesse abençoando e protegendo Caim, mas para mostrar um
princípio pelo qual tinha em vista especialmente preservar a raça humana da
destruição pela violência, de forma que pelo temor do juízo e da maldição de
Deus, os homens evitassem praticar o mal contra o seu próximo.
Existem milhões de "Cains" que oferecem o melhor
para o mundo e reserva o resto para Nosso Senhor. Quanta ingratidão!
Na parábola do trigo e do joio, o que os semeadores saíram a
semear foi gente. Um semeou filhos de Deus, e o outro filhos do diabo. Estas
são as únicas duas classes de pessoas que há no mundo. As podemos subdividir de
muitas maneiras, porém não são mais que dois grupos; e ambos grupos tem sido
religiosos desde o princípio. Porém recorde; trigo, sempre tem sido trigo;
joio, sempre tem sido joio. A religiosidade não tem mudado sua natureza. Olha o
que o Senhor disse: “Ao tempo da ceifa
eu direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o
queimar; mas o trigo recolhei no meu celeiro”.(Mateus 13:30).
Todos os atos de intolerância religiosa tem tido sua origem
no princípio, e os autores deles nem se quer sabe quem é o seu pai, antes em
seu zelo religioso perseguem, caluniam, difamem e até matam, crendo que nesta
forma estão fazendo um serviço a Deus, ou colaborando com sua obra. Estão
cheios de ódio, e não sabem amar nem perdoar. Eles confessam que são de Deus,
porém suas ações e palavras demonstram quem é seu verdadeiro pai.
Pr. Dr. Adaylton Conceição de Almeida (Th.B.;Th.M.Th.D.;D.Hu.)
Facebook: Adayl Manancial
Email:
adayl.alm@hotmail.com
(O
Pr. Dr. Adaylton de Almeida Conceição foi Missionário no Amazonas e por mais de
20 anos exerceu seu ministério na Republica Argentina, é Bacharel, Mestre e
Doutor em Teologia, Escritor, Professor Universitário, Psicanalista e Pós
Graduado em Ciências Políticas e em Psicanálise, Doutor HC em Psicologia e em
Humanidade, Diretor da Faculdade Teológica Manancial e Professor do Seminário
Teológico Kerigma).
BIBLIOGRAFIA
Adaylton de Almeida Conceição - Dispensações
Silvio Dutra – A história de Caim
L.M.S. – O sinal de Caim
Pr Vinicius Couto – Caim e Abel
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Point Rhema