sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O LIDER DIANTE DA CHEGADA DA MORTE - LB Adultos EBD/CPAD - Lição 10 - 3º Trim./ 2015 - Subsídio Teológico


Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. - Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”.  2 Timóteo 4.7-8.

Paulo foi o maior pastor, teólogo, missionário e plantador de igrejas da história do cristianismo. Ele plantou igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor. 

Ele enfrentou açoites, prisões, naufrágios e apedrejamento, mas jamais perdeu a doçura nem deixou de glorificar a Deus no sofrimento. Em 2 Timóteo 4.6-18, Paulo fala que seu passado foi marcado por combate, perseverança e fidelidade (2Tm 4.7). Ao enfrentar seu presente, afirma que não é Nero que vai lhe matar, mas ele é quem vai se entregar (2Tm 4.6). Ao vislumbrar seu futuro, está seguro de que a recompensa divina já está preparada para ele.

Paulo está no corredor da morte, na ante-sala do martírio. Está fechando as cortinas da vida numa masmorra úmida, fria e insalubre. Não havia mais esperança de liberdade. Deus não o pouparia mais da morte, mas o libertaria através da morte. É nesse contexto que o veterano apóstolo compartilha conosco seus sentimentos.

Últimas palavras inspiradas antes da morte

“Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé . Já agora a coroa da justiça me está guardada , a qual o Senhor , reto juiz , me dará naquele Dia; e não somente a mim , mas também a todos quantos amam a sua vinda.” (2Tm 4.2-8)

As palavras acima são de despedida; registrada pelo apóstolo Paulo em sua última carta bíblica. Aliás, algumas bíblias trazem o seguinte titulo: “O apóstolo prevê o seu martírio”.

Paulo tinha convicção de que chegava sua hora: a morte; não somente a hora da morte, mas, principalmente, a hora da recompensa. Sua convicção baseava se em sua fé genuína, sua vida cristã, sua perseverança.

Paulo tem consciência de que seu ministério está chegando ao fim. A segunda Epístola a Timóteo, na verdade é uma forma, comovente, de dizer adeus ao seu "amado filho" e à Igreja do Senhor. Paulo exorta Timóteo a respeito da responsabilidade que é estar na liderança de uma igreja e faz uma revisão do caminho que havia percorrido em sua jornada com o Salvador: "Combati o bom combate" (2 Tm 4.7). Paulo não estava pesaroso com a partida, pois suas dores e sofrimentos, com certeza, foram esquecidos, diante da certeza de que fez um bom trabalho e que cumpriu a missão para qual fora designado pelo Senhor.

Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé.” (2 Tm 4.7)

Essas são algumas das últimas palavras do apóstolo Paulo ao jovem companheiro, Timóteo. 

De uma prisão fria e úmida em Roma, prestes a ser executado, Paulo tinha certeza de que seu tempo estava acabando e que logo estaria adentrando no reino celestial (2Tm 4.8). Neste tempo ele direciona a Timóteo uma segunda carta, um documento humano inspirado por Deus com o objetivo de preparar o jovem rapaz para as responsabilidades do ministério, e fortalecê-lo para o que estava por vir (2 Tm 4.3). Combati o bom combate; um soldado que lutou bravamente contra tudo que na época feria a palavra de Deus. Guerreou também pela divulgação do evangelho. Por conta deste grande amor pela obra de Deus, em muitas ocasiões foi perseguido correndo risco de vida, mas batalhou até o fim usando as armas certas (Ef 6.13-17);

Paulo combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé.

Os verbos usados pelo Apóstolo expressam uma ação contínua no passado com efeitos no presente. Esse tempo verbal no grego chama-se perfeito e não há um correspondente direto na língua portuguesa, de modo que o tradutor deve em alguns casos lançar mão de tempos compostos, com o uso do verbo ter mais o particípio (tenho combatido, tenho completado, tenho guardado). 

Completei a corrida; Paulo não se desviou para caminhos errados, mas seguiu em frente. Em meio a muitos problemas, a tendência do ser humano é se desesperar jogando tudo para o alto, mas os servos do Senhor tem a bendita esperança, que é Jesus Cristo. Por esta razão não mudam de direção ou retrocedem, mas completam a corrida que lhes está proposta, assim como o apóstolo, que prosseguiu para o alvo certo e firmou seus olhos em Cristo. (Fp 3.12-14), 

Guardei a fé; A mesma fé que demonstrou aos cristãos romanos (Rm 8.18) foi guardada até seu último dia. Guardou a fé, a plena certeza daquilo que ainda não via, a firme convicção de fatos que ainda não haviam acontecido (Hb 11.1).

O BOM COMBATE – II Tm 4.7

O apóstolo Paulo no final de sua carreira da fé pode dizer: “Combati o bom combate”. Neste versículo de II Timóteo, podemos aprender três preciosas e valiosas lições:

A primeira, quando Paulo fala eu combati o bom combate, ele afirma a realidade e a existência de um combate, de uma luta e de uma batalha. Nós crentes em Jesus, a partir do momento que nos convertemos começamos a enxergar a realidade desse combate, dessa luta, dessa batalha. Muitas vezes lutamos contra forças espirituais do mal, outras vezes com oposições até mesmo de nossos entes queridos o que atesta a veracidade do combate.

Passamos por tribulações, rejeições, decepções, tristezas, etc.... tudo isto como consequência dos resultados dessas lutas, por isso a doce comunhão com a igreja, com os irmãos e principalmente com o Espírito Santos deve também ser real, para que através dessa comunhão possamos encontrar consolo e ombro amigos nos momentos mais difíceis da peleja.

Segunda, quando Paulo fala combati o bom combate, note que Paulo se posiciona como alguém que entrou na batalha, assumiu os riscos da peleja. Como um bom soldado ele sabia da existência do combate, mas assumiu uma postura de entrar na peleja, não ficou contemplando o combate de longe, antes como um valente guerreiro entrou para pelejar e pelejou não se importou com o resultado final do combate, mas confiou sua vida ao general Jesus Cristo.

Terceira, quando Paulo fala combati o bom combate, ele chama de BOM aquilo que muitos chamam de RUIM, o bom combate para Paulo era o compromisso com o Reino, o bom combate para Paulo era o compromisso com Deus, o bom combate para Paulo era o compromisso com as igrejas que ele ou demais apóstolos plantaram.

Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”.

A coroa, como símbolo de um prêmio, deriva das culturas gregas e judaicas. Como uma recompensa, a coroa simboliza a honra que Deus quer abençoar seus servos fiéis. A Bíblia menciona três tipos de coroas; a coroa da vida (1 Co 9.25; 2 Tm 2.5); a coroa da justiça; a coroa de glória (1 Pe 5.4).

Seu cuidado com a fé não foi circunstancial ou ocasional, adstrito aos momentos de tribulação, doença, tristeza. Pelo contrário, o Apóstolo mantinha sua fé no Senhor Jesus Cristo tanto nos momentos de fartura como nos de escassez, tanto na alegria, como nas angústias. Enfim, tinha fé incondicional no Senhor.

Esse constante combate, essa perseverante caminhada, e essa contínua fé, renderam a Paulo a convicção e certeza de que a morte não teria poder algum sobre sua vida, de modo que ele tinha plena certeza de que habitaria com o Senhor. E mais, o próprio Senhor estava mostrando a Paulo que sua partida estava próxima, e que havia para ele uma grande recompensa.

O SENTIMENTO DE ABANDONO

O clamor de Paulo na solidão. No início da Segunda Carta, Paulo já havia demonstrado que sentia muito a falta de Timóteo: "[...] desejando muito ver-te [...]" (1.4). No final da epístola, vemos a súplica de Paulo ao seu filho na fé: "Procura vir ter comigo depressa" (4.9). Ele também revela o porquê de sua pressa em rever seu filho na fé. Pede a Timóteo para trazer Marcos, o mesmo Marcos que ele um dia dispensara. Paulo anseia por comunhão e relacionamento. Deseja ter alguém do seu lado antes de morrer. Gente precisa de Deus, mas gente também precisa de gente.

O drama do abandono (2Tm 4.10)

Paulo diz que Demas, por ter amado o presente século, o havia abandonado. Aquele que um dia caminhara com ele e fora seu cooperador, agora abandona suas fileiras. Quando mais Paulo precisa de ajuda e companheirismo, Demas o deixa só. Quando mais Paulo está focado no céu, ansiando pela era por vir, Demas ama o presente século e dá as costas para Deus.

O drama da traição (2Tm 4.14,15). 

Paulo enfrenta no final da vida a amarga realidade da traição. Alexandre, o latoeiro causou-lhe muitos males. Os estudiosos afirmam que foi esse indivíduo que delatou o apóstolo Paulo, culminando em sua segunda prisão e consequente martírio. Alexandre não perseguiu apenas o pregador, mas também a pregação. Ele atacou não apenas o mensageiro, mas também a mensagem. Mesmo o maior missionário da igreja cristã, não é poupado de enfrentar, já no final da vida, a dolorosa realidade da traição.

A morte é o resultado final da vida no mundo decaído.

Em sua grande sabedoria, Deus decidiu que não nos aplicaria os benefícios da obra redentora de Cristo de uma só vez. Antes ele escolheu aplicar os benefícios da salvação de modo gradual em nossa existência. Semelhantemente, ele resolveu não remover todo o mal do mundo de imediato, mas esperar até o juízo final e o estabelecimento do novo céu e da nova terra. Em resumo, ainda vivemos em um mundo decaído. 

O último aspecto do mundo decaído a ser removido será a morte. Paulo diz: “Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.” (1Co 15:23-26 ACF) Quando Cristo retornar, então se cumprirá a palavra que está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”. “Onde está, á morte, a sua vitória? Onde está, á morte, o seu aguilhão?” (lCo 15.54,55). Mas até aquele tempo a morte vai permanecer uma realidade mesmo na vida dos cristãos.

Nossa própria morte.

O Novo Testamento nos encoraja a ver a própria morte não com temor, mas com alegria pela perspectiva de partir e estar com Cristo. Paulo diz: “Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor” (2 Co 5.8). Quando está na prisão, não sabendo se seria executado ou se seria solto, ele pode dizer: “porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (Fp 1.21-23).

Os crentes, portanto, não precisam ter medo de morrer, porque a Escritura nos assegura de que nem mesmo a morte “será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.39; cf. Sl 23.4). De fato, Jesus morreu para libertar “aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte” (Hb 2.15).

Podemos entender que os primeiros seres humanos já conhecidos, eram capazes de viverem sem experimentar a morte. Porém foram penalizados com a morte, devido o delito do pecado. 

Este pensamento está baseado no capítulo dois e versículo nove do livro de Gênesis, como também no capítulo três e versículo dezenove: "és pó e em pó te tornarás". Esta á a morte física.

A teologia cristã defende que a morte também afetou a moral do homem, visto que o homem inicialmente era puro, porém com liberdade para agir, fazer escolhas, então não deu ouvida a advertência que Deus outrora tinha feito, e decidiram comer do fruto proibido, e morreram moralmente. Segundo a Bíblia, os homens que descenderam do primeiro casal, nasceram com uma natureza pecaminosa, que se estende a todo ser humano. (Rm 8.5-8).

Além da morte física e moral, a teologia defende a morte espiritual e morte eterna. Segundo Berkhof, "A morte espiritual é a separação entre a pessoa e Deus; a morte eterna é a concretização desse estado de separação - A pessoa fica perdida por toda a eternidade, em seu estado pecaminoso". A morte espiritual deu-se quando o homem desobedeceu a Deus, destruindo o relacionamento que dantes tinha lá no jardim do Éden (Gn 3.6). E a morte eterna é a condenação do homem no pecado, separado de Deus eternamente, devido não aceitar o resgate oferecido por Deus pelo seu filho, através de Jesus o chamado Cristo.

A CONSCIENCIA DA MORTE NÃO TRAZ DESESPERO AO CRENTE FIEL

A Esperança do Cristão após a Morte.

Constitui-se em esperança de vida eterna a morte física de um cristão, por ter ele uma certeza de que a morte de maneira alguma é o fim da vida, e sim um novo início baseado em ensinamentos extraídos do Livro Sagrado a saber a Bíblia Sagrada. Para um cristão a morte não é encarada como um terror a se enfrentar, e sim uma passagem para uma outra vida, plena, abundante, é estar de uma maneira definitiva liberto das aflições na qual o mundo o oferece, e as tribulações deste mundo é encarada como" leve e momentânea " produzindo " um peso eterno de glória mui excelente" (I Co. 4.17).

Sem dúvidas, o Apóstolo Paulo não perdeu sua vida por algo banal, pois sua história é exemplo do amor, misericórdia e graça de Deus para conosco. Ele viveu o chamado que lhe foi proposto (At 9.15-16), deixou tudo para trás e fitou seus olhos em Cristo (Fp 3.14). Por esta razão, no fim de sua vida pode dizer com autoridade as três coisas mais lindas que podem ser ditas por um cristão “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”(2 Tm 4.7). Ele Lutou com honras contra tudo que feria a palavra do Senhor. Combateu bravamente a carne e ainda resgatou feridos em batalha dando-lhes nova oportunidade de vida, e vida eterna!  Esta é a grande lição que nos deixa o final da segunda Epístola de Paulo a Timóteo. 

Pr. Dr. Adaylton Conceição de Almeida (Th.B.;Th.M.Th.D.;D.Hu.)
Facebook: Adayl Manancial

  
Pr. Adaylton de Almeida Conceição é Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Escritor, Professor Universitário, Jornalista Profissional, Psicanalista e Pós Graduado em Ciências Políticas, Doutor em Psicologia e em Humanidade, Diretor da Faculdade Teológica Manancial e Professor do Seminário Teológico Kerigma-Santos/SP).  

BIBLIOGRAFIA

Vinícius Pimentel - Como o cristão deve encarar a morte?
Juberto Santos – Como os apóstolos morreram.
Silvio Luís – Meditando em II Timóteo 4.7
Pr. Rodnei – O bom combate
Felipe Guimarães – O combate do apóstolo
Marcos Granconato – O cristão diante da morte

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Point Rhema

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