terça-feira, 30 de junho de 2015

UMA MENSAGEM À IGREJA LOCAL E À LIDERANÇA - LB Adultos EBD/CPAD- Lição 01 - 3º Trim./ 2015 - Subsídio Teológico


INTRODUÇÃO

As Epístolas pastorais são livros canônicos do Novo Testamento, foram escritas por Paulo de Tarso e se dirigem a Timóteo e a Tito. São agrupadas desde os primeiros séculos do cristianismo num só corpus: Primeira Epístola a Timóteo , Segunda Epístola a Timóteo e Epístola a Tito.

1 e 2 Timóteo e Tito sempre foram considerados como que formavam um grupo separado de cartas, diferente das outras que foram escritas por Paulo. A diferença que está mais à vista é que, juntamente com a pequena carta a Filemom, foram escritas  à pessoas, enquanto que as outras  cartas paulinas iam dirigidas à igrejas.

Foram pela primeira vez chamadas "Pastorais" no século dezoito, por D.N. Bardot (1703), e popularizadas por esse título em 1726, por Paul Anton. O título é apenas parcialmente uma descrição do seu conteúdo, pois não são estritamente pastorais no sentido de fornecer instrução sobre o cuidado das almas. A designação de pastoral é por serem dirigidas a pessoas que tinham responsabilidades pastorais. Diferente das demais epístolas paulinas quando se destinam a uma igreja ou um grupo de igrejas. 

Embora estas epístolas não sejam cartas de teologia pastoral, o título serve convenientemente para distinguir as três, como um grupo, de outras cartas escritas por Paulo. Estas epístolas não são manuais de organização eclesiástica, disciplina da igreja, administração eclesiástica ou métodos eclesiásticos. Paulo estava dando instruções para situações históricas reais de duas igrejas, que estavam sob os cuidados de dois ministros que ele conhecia intimamente. Por esta razão, as epístolas são limitadas quanto ao assunto discutido, mas elas contêm princípios que podem ser usados em igrejas de qualquer época e lugar. As três tem tanta coisa em comum, quanto a estilo, doutrina e alusões históricas, que devem ser tratadas como um grupo, da mesma maneira como as Epístolas da Prisão.

Não há nada que indique que elas foram escritas na mesma data ou do mesmo local ou que o autor pretendesse que fossem um conjunto, entretanto estudos contemporâneos indicam que devem ser tratadas como um grupo. Possivelmente escritas no período do fim da vida do apóstolo Paulo, apresenta o pensamento dele preparando Timóteo e Tito para continuar a sua tarefa. Por esse motivo introduz uma diferente espécie de correspondência na literatura paulina em comparação com as demais epístolas anteriores.

Levando em consideração, a alta experiência do apóstolo Paulo com relação a assuntos relacionados à igreja do Senhor, o mesmo proporcionou a dois de seus companheiros, “os quais foram por ele chamados de filhos”, a responsabilidade de estarem à frente de igrejas e os adverti-os de modo sensato e preciso, dando-lhes direção e instrução, afim de que, eles pudessem ter condições suficientes para se manterem firme nesta obra tão árdua. A Timóteo e a Tito, findando a sua missão neste mundo, Paulo, o Apóstolo dos Gentios, endereçou cartas com diversas admoestações, fortalecendo-os quanto a fé e de como deveriam se portar ante as heresias que assolavam a igreja na época, bem como a cerca da formação daqueles que dariam prosseguimento a obra do Senhor. Estas cartas tão preciosas tanto para seus receptores, como para nós igreja, por conterem mais um tratado de conselhos práticos do que compêndio teológico tem sido conhecidas desde os tempos mais remotos como Epístolas Pastorais.

As epístolas de Paulo foram escritas num espaço de menos de vinte anos. Seu lugar entre os apóstolos que escreveram é resultado do seu encontro pessoal e do seu relacionamento íntimo com Cristo ressurreto e das instruções que recebeu do Senhor.

CENÁRIO HISTÓRICO

O cenário histórico colhido destas epístolas é como segue. Depois que Paulo e Timóteo estiveram juntos em Éfeso, Paulo partiu para a Macedônia (I Tm. 1:3), mas esperava voltar logo (I Tm. 3:14). Timóteo havia partido para Éfeso, para cuidar da igreja refutar os falsos mestres que estavam em atividade lá. Uma vez que sua volta podia ser retardada, Paulo escreveu esta carta, para ajudar Timóteo em seu ministério (I Tm. 3:14,15). De maneira semelhante, Paulo estivera em Creta e, ao partir, deixou Tito para cuidar da organização da igreja (Tt. 1:5). Paulo estava, provavelmente, na Macedônia ou em Acaia e queria que Tito se encontrasse com ele em Nicópolis, onde Paulo planejava passar o inverno (Tt. 3:12). De II Timóteo fica-se sabendo que Paulo era um prisioneiro (II Tm. 1:8, 16,17; 2:9). Ele já havia estado perante o tribunal uma vez (II Tm. 4:11,16, 21) e estava aguardando outro aparecimento. Ele tinha pouca esperança de ser solto (II Tm. 4:6). Somente Lucas ainda estava com ele (II Tm. 4:11), Tito tendo sido enviado à Dalmácia (II Tm. 4:10) e Tíquico a Éfeso (II Tm. 4:12); Demas havia abandonado Paulo e retornara a Tessalônica (II Tm. 4:10). 

Data e proveniência 

A seqüência das três epístolas é 1 Timóteo e Tito (62-65 D. C.). A primeira dessas foi escrita em Filipos, e a segunda em Nicópolis. Elas foram escritas durante o período de sua liberdade condicional, após ter sido solto de sua primeira prisão em Roma. 2 Timóteo (67 D. C.) foi escrita em Roma, quando Paulo estava na prisão Maretina, pouco antes de sua execução. 

Propósito 

As epístolas a Timóteo e Tito têm muitas características em comum. Diferente das outras epístolas a Timóteo e a Tito são palavras pessoais a seus auxiliares apostólicos. Elas tratam da necessidade de supervisão pastoral nas igrejas. Elas se concentram na organização das igrejas, na importância da doutrina apostólica em refutar falsas doutrinas. Descrevendo também as qualificações dos líderes cristãos.

Autoria 

Desde o início do século XIX, as Epístolas Pastorais têm sido atacadas mais que quaisquer outras Epístolas Paulinas sobre a questão da autenticidade. A similaridade destas epístolas requer que sejam tratadas como uma unidade em termos de autoria. 

A evidência externa apoia solidamente a posição conservadora de que Paulo escreveu as cartas a Timóteo e a Tito. Os pais pós-apostólicos da igreja, tais como Policarpo e Clemente de Roma, fazem alusão a elas como escritos de Paulo. Além disso, essas epístolas são identificadas como paulinas por Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e o Cânon Muratoriano. 

Canonicidade 

Alguns manuscritos antigos não trazem as epístolas pastorais. O papiro Chester Beatty, bem como o papiro Vaticano não trazem as trazem, mas eles são fragmentados e perderam folhas. 

Já os manuscritos do Sinaítico, Alexandrino e Rescrito de Efrém contêm as pastorais em sua forma integral. 

Policarpo de Esmirna usava as pastorais em 125. Clemente de Roma (95), Inácio de Antioquia (110) dão a impressão de usar as pastorais. O Cânon de Muratori (180) menciona as pastorais.   

Destinatário

O que se sabe de Timóteo está diretamente dito tanto por Paulo ou indiretamente por Lucas em sua obra dos Atos. Para Cothenet, de todos os colaboradores de Paulo, Timóteo é o mais conhecido. Esta personagem aparece pela primeira vez no Segundo Testamento em At 16,1: 

“Havia ali [Listra] um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia que abraçara a fé e de um pai que era grego”. Segundo relata os Atos, foi em Listra, cidade da Lacônia que se encontrava Timóteo. Pertencente à média burguesia, seu pai era heleno, sua mãe, Eunice, judia, convertida ao cristianismo e sua avó Lóide, “mulher de fé sem subterfúgios” (BÍBLIA TEB, 1994, 2317).

Segundo Barbaglio, tanto Timóteo quanto Tito são considerados “protótipos das autoridades eclesiásticas” do cristianismo da Ásia Menor.

Esteve presente junto a Paulo em diversos momentos de sua atividade missionária principalmente na confecção de algumas cartas como: 1 e 2 Tessalonicenses (2 Ts 1,1), a 2 Coríntios (2 Cor 1,1), Romanos (Rm 16,21), Filipenses (Fl 1,1), Colossenses (Cl 1,1) e Filemon (Fm 1). Estes e outros relatos mostram a amizade, o carinho e principalmente a confiança que Paulo tinha por Timóteo.  

Quanto a Tito, parece que ele acompanhou Paulo na segunda e terceira viagens missionárias, e em parte da quarta. Foi um autêntico missionário. Durante a terceira viagem recebeu uma missão delicada: apaziguar a belicosa igreja de Corinto, onde muitos contestavam e acusavam Paulo. O apóstolo não podia ir. Ele e Tito combinaram encontrar-se em Trôade, o que não sucedeu (2.12-13). Paulo foi a Macedônia para encontrar-se com Tito, que chegou com boas novas (2Co 7.5-6, 13-14).

LUGAR OCUPADO PELAS EPÍSTOLAS PASTORAIS.

As Cartas dirigidas a estes dois Pastores ocupam um lugar totalmente particular no contexto do Novo Testamento. Hoje, o parecer alguns exegetas é que estas Cartas não teriam sido escritas pelo próprio Paulo, mas teria a sua origem na "escola de Paulo", e refletiriam a sua herança para uma nova geração, talvez integrando alguns breves escritos ou palavras do próprio Apóstolo. Por exemplo, algumas palavras da segunda Carta a Timóteo parecem tão autênticas, que só podem vir do coração e da boca do Apóstolo.

Sem dúvida, a situação eclesial que sobressai destas Cartas é diferente da dos anos centrais da vida de Paulo. Ele agora, em retrospectiva, define-se "arauto, apóstolo e mestre" dos pagãos na fé e na verdade (cf. 1 Tm 2, 7; 2 Tm 1, 11); apresenta-se como alguém que obteve misericórdia, porque Jesus Cristo como escreve "quis mostrar, primeiro em mim, toda a sua magnanimidade e para que assim, servisse de exemplo àqueles que haviam de crer nele para a vida eterna" (1 Tm 1, 16). Portanto, o que parece realmente essencial em Paulo, perseguidor convertido da presença do Ressuscitado, é a magnanimidade do Senhor, que nos serve de encorajamento, para nos induzir a esperar e a ter confiança na misericórdia do Senhor que, não obstante a nossa pequenez, pode realizar maravilhas.

Conteúdo

Que há uma espécie de homogeneidade no tocante ao conteúdo, isto não é discutido. Segundo a Bíblia TEB (1994) o que se deve levar em conta é a relação que há entre as pastorais e o paulinismo. Os temas principais são tocados: a) a misericórdia divina manifestada em Jesus, que veio para salvar os pecadores (1Tm 1,12-17); b) o homem salva-se pela graça e por meio da fé (1Tm 1,16); c) a salvação dos homens efetua-se de conformidade com o plano eterno de Deus (1Tm 3,16); d) exortação aos escravos (1Tm 6,1-2); e) atitudes frente às autoridades (1Tm 2,1); f) a recordação dos sentimentos do apóstolo como a humildade (1Tm 1,12-14) e seu afeto para com Timóteo (1Tm 1,2.18; 5,23).

AVALIAÇÃO DAS EPÍSTOLAS PASTORAIS

As epístolas pastorais são a fonte mais confiável para entendermos como andava a igreja no período de transição entre a igreja pioneira e a igreja institucionalizada a partir do segundo século depois de Cristo.

Duas tendências merecem destaque: O crescimento de heresias é mais aparente.
Toda carta de Paulo lida com certa oposição à verdade e divergência doutrinária.
Gálatas ataca o legalismo, I Coríntios afirma que alguns não acreditavam na ressurreição do corpo, Colossenses lida com problemas filosóficos, etc.
No entanto, esses problemas eram esporádicos e pontuais (com a possível exceção do movimento judaizante).

Nas cartas pastorais, todos esses erros voltam a aparecer, porém de maneira mais intensa e com um ar de ameaça futura.

Por causa dessas ameaças, há um enfoque maior em se concentrar na doutrina sadia. A maneira como várias afirmações de Paulo são escritas em formas de credo (conjunto de princípios, normas, preceitos e crenças por que se pauta uma pessoa ou uma comunidade) apontam para a cristalização da doutrina cristã já antes do fim do primeiro século.

Em outras palavras, já começava a ser reconhecido, entre as igrejas, a doutrina correta e sadia pela qual cada discípulo e cada igreja deveria se portar.

Os falsos mestres 

Em geral se pressupõe que as três cartas se opõem o mesmo ensino falso. Isso pode ser ou não verdade, mas parte desse ensino incluía um forte elemento judaico. Existem referências a “mestres da lei” 1 Tm 1:7, aos “da circuncisão” Tt. 1:10, a “fábulas judaicas” Tt. 1:14, e a “contendas e debates sobre a lei” Tt. 3:9. Há uma advertência contra o “saber como falsamente lhe chamam” 1 Tm 6:20, a qual, junto com referências a “fábulas e genealogia sem fim” 1 Tm 1:4; 4:7; Tt 3:9, frequentemente entendida como referência a sistemas gnósticos. 

Isso tem o apoio de textos que mencionam práticas ascéticas 1 Tm 4:3. Mas o gnosticismo maduro pertence a uma época já bem dentro do século II, e estas cartas não são desse período. 

O ensino falso descrito nestas cartas não é diferente do que existia durante o período ministerial de Paulo. As pastorais atiram-se contra o tipo misto de heresia que já fora combatido por Paulo em Colossenses, que teve origem em um judaísmo sincretista da variedade gnóstica pré-cristã. Embora o entendimento de se tratar de uma heresia do segundo século, não existe bases para se dizer que ela teria surgido enquanto Paulo desenvolvia seu trabalho.

Análise teológica 

Paulo expõe nas Pastorais além de um conteúdo ministerial e conceptivo deste tema desenvolve um cunho teológico e ético como em suas demais cartas. 

a) Nas Pastorais é dada ênfase na doutrina ortodoxa (1 tm 1:8-11; 2 Tm 1:13-14; Tt. 1:5-9) e procura manter a sã doutrina (1 Tm 1:10, 2 Tm 4:3; Tt 1:9; 2:1 e seguindo a mesma idéia 1 Tm 6:3, 2 Tm 1:13; Tt 1:13; 2:2-8); 

b) na liderança da igreja (1 Tm 3:1-15; 2 Tm 1:13-14; Tt. 2:1); 

c) outro tema também é discutido, referendo ao ministério deles (1 Tm 1:18; 2:7- 2 Tm. 2:1-7; Tt. 2:7-8; Tt 2:7-8; 15, 3:9); 

d) Como também a ênfase a uma vida santa (1 Tm. 1:3-7; 2:8-10; 2 Tm 1:3-12; 2:14-19; Tt. 3:1-11). 

e) Paulo reconhece a misericórdia de Deus em Jesus Cristo e sua experiência como pecador e blasfemador 1 Tm 1:12-17; Tt. 3:3-7; 

f) A justificação é um ato inteiramente divino dependendo da graça de Deus 2 Tm. 1:9, Tt. 3:5; 

g) Salvação: Jesus nosso Salvador 1 Tm 1:10; único mediador 1 Tm 2:5; a graça salvadora aos homens Tt. 2:11; revelada no amor de Deus na eternidade 2 Tm 1:9-10, Tt. 2:11. 

h) Cristo: o novo homem, o redentor 1 Tm. 2:5-6; 1:15. 

i) Vida eterna: o alvo para qual os cristão são chamados e que podem desfrutar aqui e agora 1 Tm 6:12; 2 Tm 1:1; Tt. 1:2; 3:7. 

j) Fé: o meio para atingir salvação 1 Tm 1:16; e sua importância 1 Tm 3:13. 

l) Graça 2 Tm. 1:9 .

m) Ética: Segundo casamento 1 Tm 3:2, 12, 5:9; os escravos 1 Tm 6:1; o estado 1 Tm 2:1ss., Tt. 3:1.

O COMBATE ÀS HERESIAS

Necessidade de Refutar os Falsos Ensinamentos (1,3-7) e XI – Os Adversários da Igreja (4,1-5) “Por terem apartado desta linha, alguns se extraviaram num palavreado oco; pretendem ser doutores da lei, ao passo que não sabem o que dizem, nem o que afirmam com tanta veemência.”

Segundo Cothenet, um dos grandes objetivos de 1 Timóteo é o combate às heresias, sendo, portando, sua grande missão. O texto de Timóteo se utiliza do termo grego  (ί) para designar palavreado oco, discursos vãos, ou mesmo loquacidade frívola, que se contrapõe à “Sã Doutrina” que do grego se tem (‘ύί) (1Tm 1,10), que é um ensinamento conforme a piedade (1Tm 6,3). Barbaglio, questiona: “qual é o critério que permite discernir entre a verdadeira e a falsa doutrina?”. A resposta é um tanto quanto sombria, pois seriam aquelas que Paulo zelosamente confiara a Timóteo e Tito de modo que este como um depósito, deve ser preservado e fielmente transmitido. Neste ponto, tem-se uma mudança substancial com a doutrina paulina. Enquanto que as comunidades geradas ou animadas por Paulo eram convidadas a experimentar da graça de Deus mediante a fé em Cristo, pelo Espírito, agora, a preocupação não é a fé na graça experimental, mas na graça já transmitida e depositada em pessoas especialmente escolhidas para transmiti-las. 

Tem-se aqui a figura nítida do mediador, aquele que faz a ponte entre a Graça e os homens, de modo que esta não se perca em erros. Tem-se aqui, o início daquilo que se pode chamar de Tradição. As doutrinas que são (, referem-se a mitos e genealogias sem fim. 

Seus autores se julgam a “doutores da Lei” (termo este, utilizado pelos fariseus (Lc 5,17 e At 5,34) em seus discursos vãos. O combate às heresias não é prerrogativa das Pastorais, umas vez que em Colossenses e Efésios Paulo não poupou críticas as especulações em torno das potências intermediárias entre Deus e o mundo. Tal prática acompanhou todo o cristianismo pós-apostólico com os apologistas do século II.

O CONTEÚDO GERAL DE 1 TIMÓTEO

O conteúdo é diversificado, mas a maior parte trata da vida da igreja, em termos de funcionamento, e não de teologia. Ele relembra seu passado de perseguidor da fé cristã e como a graça de Deus o transformou (1.12-14). Deus fez isto com ele para ele servir de exemplo: v. 16. É muito bom quando podemos servir de exemplo para os demais. Não em termos de sermos melhores, mas podermos mostrar como Deus agiu na nossa vida. Isto nos traz à mente o valor de uma vida transformada que pode ser testemunho para os outros. A nossa vida, como pastores, pode ser um exemplo para nossas ovelhas? A influência de uma vida tocada pela graça de Cristo é muito grande.

A EPÍSTOLA A TITO

A carta a Tito tem data ao redor de 62 a 64, e deve ter sido escrita, portanto, durante a quarta viagem missionária de Paulo. Foi produzida na Macedônia (3.12). Tito não era judeu, mas grego, tendo sido ganho para Cristo por Paulo: Gálatas 2.1-3 e Tito 1.4. A decisão paulina de não circuncidar Tito está em consonância com Atos 15 e é um exemplo vivo do novo tempo do evangelho, de liberdade da lei (Gl 1.4). Não fosse esta carta seria ele um personagem obscuro, mencionado apenas de passagem. Atos omite seu nome. Mas ele foi um grande homem de Deus e pode nos lançar luzes sobre nossa conduta como homens de Deus.

CHAMADO À LIDERANÇA A PERSEVERAR NA PALAVRA

O autor compara estas doutrinas com duas referências de base. Uma consiste na evocação de uma leitura espiritual da Sagrada Escritura (cf. 2 Tm 3, 14-17), ou seja, de uma leitura que a considera realmente como que "inspirada" e proveniente do Espírito Santo, de tal forma que por ela se pode ser "instruído para a salvação". Lê-se a Escritura, justamente, pondo-se em diálogo com o Espírito Santo, de modo a haurir a sua luz "para ensinar, para convencer, para corrigir e para instruir na justiça" (2 Tm 3, 16). Neste sentido, a Carta acrescenta:  "A fim de que o homem de Deus seja perfeito e apto para toda a boa obra" (2 Tm 3, 17). A outra evocação consiste na referência ao bom "depósito" (parathéke):  é uma palavra especial das Cartas pastorais, com que se indica a tradição da fé apostólica que se deve conservar com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós.

Portanto, este chamado "depósito" deve ser considerado como que a soma da Tradição apostólica e critério de fidelidade ao anúncio do Evangelho. E aqui temos que ter presente o fato de que nas Cartas pastorais, como em todo o Novo Testamento, o termo "Escrituras" significa explicitamente o Antigo Testamento, porque os escritos do Novo Testamento ainda não existiam, ou ainda não faziam parte de um cânone das Escrituras.

Prof. Pr. Adaylton de Almeida Conceição – (Th.B.Th.M.Th.D.)

Facebook: Adayl Manancial

BIBLIOGRAFIA

Adaylton de Almeida Conceição - Introdução às Epístolas Pastorais- 2006
André Rodrigues - Resumo expositivo das Epístolas Pastorais
Bruno Glaab - Cartas Pastorais, Gerais e Hebreus.
BROWN, R. A comunidade do discípulo amado. S. Paulo: Paulinas, 1983
CARREZ, M. et. al. - As cartas de Paulo, Tiago, Pedro e Judas. São Paulo: Paulinas, 1987
Victor Marques - Cartas Pastorais ( I Timoteo)

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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema

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