Ter firmeza de caráter implica a disposição interior para se manter fiel aos princípios que regem a nossa vida cristã.
Este primeiro capítulo apresenta os personagens que são os protagonistas de episódios relatados nos capítulos seguintes. Eles revelam a capacidade de serem fieis a Deus mesmo quando as circunstâncias se mostram adversas. E a história de quatro jovens que não se corromperam, nem antes nem depois de se tornarem exilados numa outra terra e sob o domínio de um rei pagão.
Os seis primeiros capítulos do livro são históricos. Neles encontramos a história verdadeira de quatro jovens judeus, os quais, levados cativos para a Babilônia foram desafiados na sua fé em Deus. Dos quatro rapazes judeus, Daniel, Ananias, Misael e Azarias, é o jovem Daniel que ganha espaço nesta história pela demonstração de sua fé, fidelidade e integridade em meio a uma situação instável e oposta a tudo que conhecia no meio do seu povo.
Nesta história destaca-se a firmeza de caráter demonstrada pelos quatro jovens que deu a eles a capacidade de enfrentar o desafio à sua fé no Deus de Israel. Essa atitude significava a disposição interior e era fruto da formação moral e espiritual recebida de seus pais. Tratava-se de uma postura mais firme que colocava as suas vidas em risco por não obedecer a ordem do Rei que afetava a sua fé.
Neste início do século XXI, somos desafiados na nossa integridade como cristãos a termos uma postura que jamais renegue a nossa fé cristã. Haverá em nossos dias gente confiável? Para esse tempo de crise de integridade, a história de Daniel serve de modelo aos cristãos.
I - UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
A situação política do reino de Judá
“No ano terceiro do reinado de Jeoaquím” (1.1). Segundo alguns estudiosos da cronologia histórica que envolve o terceiro ano do reinado de Jeoaquim o tempo mais próximo foi entre 606 e 605 a.C. Nesse tempo, Nabucodonosor era o filho de Nabopolasar que era, tão somente, o herdeiro do trono da Babilônia. Porém, destacou-se quando fez campanhas de conquistas de outras terras em lugar de seu pai. Sua ascensão ao trono da Babilônia aconteceu em 605 a.C., mediante a vitória que teve em Carquemis assegurando aos babilônios a dominação sobre a Síria e a Palestina. Foi depois desta vitória que lhe foi dado o título de Rei da Babilônia. Foi em 605 a.C., que Nabucodonosor entrou em Judá e Jerusalém e confiscou utensílios de valor do templo de Jerusalém, levando-os para a Babilônia. Cumpria-se, então, a profecia de Isaías ao rei Ezequias muitos anos antes (Is 39.1-6). Outros profetas profetizaram sobre essa queda de Judá, através de Hulda, a profetisa (2 Cr 43.22-28), além dos profetas que profetizaram sobre o exílio de Judá na Babilônia, tais como Miqueias (Mq 4.10),Jeremias (Jr 25.11) e Habacuque (Hc 1.5-11).
“veio Nabucodonosor, rei da Babilônia a Jerusalém e a sitiou” (1.1). Houve três incursões do rei babilónico. Na primeira vez este rei levou os tesouros da casa de Deus no ano terceiro de Jeoaquim em 606 a.C. Na segunda incursão, Nabucodonosor fez a segunda deportação que foi no ano oitavo de Jeoaquim em 597 a.C. Na terceira incursão foi no ano 586 a.C., quando o templo foi saqueado, destruído e queimado, bem como a cidade e os muros de Jerusalém (2 Rs 25.8-21). Os utensílios do templo de Jerusalém consagrados a Jeová foram levados para a casa do deus de Nabucodonosor, porque atribuía suas conquistas ao seu deus.
“Jeoaquim, rei de Judà” (1.1). Os antecedentes históricos desse rei são cheios de maldade e rebelião contra Deus. Jeoaquim foi colocado no trono de Judá pelo Faraó-Neco, o rei do Egito (2 Rs 23.34) nos anos 608 a 597 a.C. Jeoaquim foi colocado no lugar de seu irmão Jeoacaz , que foi deposto pelo rei do Egito. No ano 606 a.C., Nabucodonosor invadiu Jerusalém, dominou a cidade e levou para a Babilônia os tesouros da casa de Deus (templo). Porém, as pretensões de Nabucodonosor foram além dos valores materiais de Jerusalém. Ele levou alguns nobres da casa real que eram versados em ciências e conhecimentos gerais, entre os quais, quatro jovens chamados Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Em meio àquela crise espiritual do reino de Judá, esses jovens se mantiveram fiéis aos princípios ensinados e que foram testados logo.
A situação espiritual em Judá
“E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá” (1.2). Nas mãos de quem? Claro, nas mãos de Nabucodonosor. Esta declaração bíblica revela a soberania divina sobre os reinos do mundo. Ele tinha poder para tirar e colocar reis sobre as nações. Neste caso, Deus toma um rei inimigo do povo de Deus e o faz dominar sobre o rei de Judá e seu povo. Segundo a história, depois que Josias havia feito a grande reforma política e religiosa em Judá, os anos se passaram e os filhos de Josias se desviaram da fé de seu pai e foram muito ímpios. Os sacerdotes, o rei e todo o povo se endureceram espiritualmente. O próprio rei, Jeoaquim, “endureceu a sua serviz e tanto se obstinou no seu coração, que se não converteu ao Senhor, Deus de Israel”{2 Cr 36.13). A casa de Deus foi profanada com as abominações gentílicas e o coração de Deus foi entristecido.
“e uma parte dos utensílios da Casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar” (1.2). Na verdade, Nabucodonosor não levou tudo o que havia no templo, apenas parte. Em outra incursão ele levou o restante, nada deixando em Jerusalém. Na verdade, ele destruiu a cidade para não ficar lembrança alguma na mente dos exilados (2 Cr 36.18). A terra deSinar ou Sinear; fica na Mesopotâmia, ou seja, na Babilônia, o mesmo lugar onde foi construída a Torre de Babel.
Esse lugar era sinônimo de oposição a Deus, onde a perversidade fora marcante. Ao levar os utensílios do Templo judeu, Nabucodonosor desafiava ao Deus de Israel. Mais tarde, Belsazar profana os utensílios sagrados do templo de Israel no capítulo 5.
II - A FORÇA DO CARÁTER
A história de Daniel e seus três amigos, entre tantos outros exilados de Judá é um testemunho vibrante de que em meio à circunstâncias adversas é possível preservar valores morais e espirituais.
Neste capítulo, o caráter dos quatro jovens, especialmente, o de Daniel foi uma demonstração da formação que tiveram no Reino de Judá, a despeito da corrupção de alguns reis de Judá. Diante das ofertas palacianas e das exigências que feriam a fé que tinham no seu Deus, Daniel e seus companheiros foram valentes e corajosos ao rejeitarem as iguarias da mesa de Nabucodonosor.
A tentativa de aculturamento dos jovens hebreus
“Aspenaz, chefe dos eunucos”. A palavra “eunuco” vem do hebraico “soris” (1.3) e pode referir-se a um oficial do palácio, ou homens que fossem castrados sexualmente para poderem servir na casa das mulheres do rei. Porém, não há nada absolutamente que prove que Daniel e seus três amigos foram castrados ou transformados em eunucos. Sabe-se que os quatro jovens eram de linhagem real do palácio de Judá e, por isso, altamente preparados para serem úteis no palácio. Esses dois versículos (1.3,4) falam de um “chefe dos eunucos” chamado Aspenaz, altamente qualificado para educar os jovens exilados levados para o Palácio da Babilônia. A despeito de eles serem educados em línguas e ciências, Nabucodonosor queria muito mais. Ele queria educá-los nas ciências dos caldeus para que tivessem conhecimento de astrologia e adivinhação, além de todo conhecimento que haviam recebido na sua terra em Judá. Percebendo que o plano de Aspenaz poderia envolve-los em costumes que afetariam suas vidas em relação ao seu Deus. Daniel e seus amigos, com sabedoria e respeito pela autoridade de Aspenaz, procuraram um modo de convencê-lo de que tinham um plano especial, sem a necessidade de adotarem a dieta alimentar do palácio. Antes de tudo, os jovens judeus decidiram não se contaminar com as comidas e bebidas da mesa do Rei, as quais eram oferecidas aos deuses da Babilônia. Então Daniel e seus três amigos judeus, inteligentemente propuseram a Aspenaz adotarem uma dieta alimentar de frutas e verduras. Eles tiveram coragem e confiança no seu Deus porque tinham um caráter irrepreensível. A postura inteligente desses jovens revelava a força do caráter que tinham mesmo em circunstâncias adversas.
(1.5-7) Esses versículos demonstram que Nabucodonosor, através de seu servo imediato Aspenaz, queria o aculturamento babilónicos dos quatro jovens, além de outros mais de outras nações. Esse aculturamento requeria saúde perfeita e inteligência para poderem servir no palácio diante do Rei.
Porém, o que prevaleceu foi a força do caráter desses jovens que convenceu a Aspenaz de que a proposta de Daniel deveria ser experimentada. Por esse modo, os jovens superaram a ameaça de contaminação da dieta babilónica. Segundo as definições da Psicologia, “caráter é a parte enrijecida da personalidade de uma pessoa. Aqueles jovens hebreus tiveram uma formação de caráter invejável mediante o testemunho da história. Nabucodonosor sabia que para obter apoio da inteligência daqueles jovens precisaria que eles fossem aculturados, também, nas ciências dos caldeus. Aqueles jovens judeus tinham uma formação cultural e religiosa muito forte. A força da fé dos judeus era algo que aparecia em suas falas e convicções e não seria fácil fazê-los esquecer, por socialização, aculturamento e contextualização à cultura babilónica. Para essa finalidade, Aspenaz preparou, não só um programa cultural de língua e ciência, mas quis submetê-los a uma dieta alimentar da própria mesa do rei (1.5).
A integridade dos jovens hebreus colocada à prova (1.5-8)
(1.6,7) Essa prova começou com a troca de seus nomes hebreus, os quais tinham significados especiais de louvor ao Deus de Israel. A Daniel, cujo nome significa “Deus é meu juiz”, deram-lhe o nome de Beltsazar, nome dedicado ao deus Bei; a Misael que significa: ’’Quem é como Jeová”?, deram-lhe o nome de Mesaque, homenagem ao deus“Aku”; a Ananias, cujo nome significa: “misericordioso é Jeová”, chamaram-lhe Sadraque, em homenagem ao deus Marduc; e Azarias, chamaram-lhe Abede-Nego, “servo de Nego”. Eram nomes pagãos com o propósito de apagar o nome de Jeová na formação moral e religiosa desses jovens. Mas não conseguiram. A fé estava plantada no coração deles. Na verdade, Daniel e seus amigos foram colocados à prova numa terra estranha, com uma cultura que se chocava frontalmente com aquela que haviam recebido em Jerusalém. Essa provação não diminuiu a integridade moral e espiritual da vida desses jovens. Ora, que significa integridade? Pode-se definir integridade como solidez de caráter. Pode, também, significar o estado de ser inteiro, ser completo. Na história do livro, Daniel, em especial, a sua integridade resultava de sua formação de caráter. Ele assentou em seu coração não se contaminar com as iguarias da mesa do rei, que acima de tudo, eram iguarias oferecidas aos deuses do rei Nabucodonosor. Daniel e seus companheiros apesar de serem jovens, ainda bem novos, tinham a consciência de tudo quanto estavam vivendo naqueles dias, desterrados e humilhados era consequência do pecado do seu povo e do seu rei e nada tinha a ver com o Deus de Israel. O mundo de hoje oferece muitas iguarias mundanas para contaminar os servos de Deus, mas devemos nos exemplificar em Daniel e seus amigos. A fidelidade ao Deus de Israel e a integridade moral e espiritual desses jovens demonstraram que, a despeito do pecado do seu rei e do seu povo, eles permaneciam fiéis a Deus. Aprendemos com Daniel e seus amigos que a vida espiritual deles não consistia em meras tradições religiosas, mas consistia numa vida de comunhão com Deus. Eles mantinham a fidelidade ao seu Deus e guardavam a palavra de Deus no coração para não pecar contra Deus como viram o seu rei pecar (SI 119.11).
Daniel e seus amigos rejeitaram as ofertas de uma falsa liberdade
A primeira sensação do exílio deve ter sido a pior possível. Estavam desterrados e desafiados a viverem um novo estilo de vida onde não teriam que prestar contas a ninguém, senão ao rei da Babilônia. Por outro lado, poderia nascer um sentimento de liberdade pessoal. Era, de fato, uma falsa liberdade que lhes oferecia o direito de fazerem o que quisessem.
Daniel e seus companheiros foram expostos às seduções de um novo sistema de vida que lhes daria facilidades e seduções que incitariam os desejos da juventude. A vida pagã estava à mostra e eles poderiam, se quisessem, adotar em suas vidas. Mas eles tinham em seus corações uma fé inabalável no seu Deus e não se deixaram atrair pelas paixões que a vida palaciana oferecia. Mesmo com todas as vantagens oferecidas no reino babilónico, Daniel não negociou sua fé no Deus de Israel. Ele não quebrou seu compromisso com Deus. Ele não banalizou sua crença nos valores morais e espirituais recebidos em Jerusalém. Nada o faria trair seu Deus, seu povo e sua fé.
III - A ATITUDE RESOLUTA DE DANIEL
Uma firme resolução de não se contaminar (1.8)
Quando Aspenaz, chefe dos eunucos recebeu ordens expressas de Nabucodonosor quanto a preparação daqueles jovens, não discutiria essa determinação palaciana. Reuniu os jovens hebreus e deu-lhes a ordem (1.5,6). Além da troca de seus nomes para apagar de vez com os vínculos religiosos que eles mantinham, Aspenaz lhes deu novos nomes pelos quais eles seriam identificados (Dn 1.7). Com a força de sua autoridade palaciana, Aspenaz passou-lhes a ordem direta de Nabucodonosor. Mas Daniel, apoiado por seus companheiros exilados, com atitude inteligente e prudente, convenceu a Aspenaz a aceitar a proposta de outra dieta alimentar que daria o mesmo resultado requerido. Daniel e seus amigos, inteligentemente não revelaram as razões de sua rejeição à dieta da mesa do Rei, mas, na verdade, eles propuseram entre si não queriam contaminar-se com as iguarias da mesa do rei que eram oferecidas aos deuses. Essa atitude corajosa de Daniel e seus amigos representava toda a fé que tinham no seu Deus a quem serviam e sabiam que seriam guardados do mal.
Daniel é um exemplo por excelência aos que servem a Deus
Mesmo tendo sido levado muito jovem para o exílio babilónico, Daniel conhecia a Deus e não o trocaria por iguaria alguma que lhe fosse oferecida. E um modelo para os jovens (Ec 12.1), como também foram outros jovens na história bíblica como Samuel (1 Sm 3.1-11), José (Gn 39.2), Davi (1 Sm 16.12),Timóteo (2 Tm 3.15). Durante toda a sua vida, Daniel foi um exemplo de fidelidade e de oração, pois orava três vezes ao dia, continuamente (Dn 6.10).
Daniel é um modelo de integridade numa sociedade corrupta
Apesar de todo o esforço de seus exatores que os trouxeram para uma terra estranha, com costumes e hábitos, dedicados a outros deuses, Daniel soube, durante toda a sua vida, manter-se íntegro moral e fisicamente. A tentativa de apagar a força e neutralizar a força de sua fé, os jovens hebreus permaneceram firmes e dispostos a não render-se, senão a Deus com suas próprias vidas. A mudança de nome não os fez esquecerem de sua fé e seu Deus Vivo e Poderoso (Dn 1.6,7). Nas atividades políticas soube conduzir-se, respeitando as autoridades superiores, sem trair a sua fé em Deus. Sabia cumprir seus deveres e, quando foi desafiado na sua fé a deixar de orar, ele não traiu o seu Deus.
A habilidade política de Daniel para manter seu propósito para com Deus (1.10-16)
(1.11-14) Daniel é conduzido ao chefe da cozinha que aparece no texto como “despenseiro” e responsável pela dieta dos príncipes que estavam na casa de Nabucodonosor a que aceitasse a proposta da dieta alimentar sem prejuízo para o mesmo. Esse chefe, era chamado no hebraico de melsar, uma palavra que deriva do acadiano massaru, cujo sentido é o de chefe da cozinha, ou seja, o despenseiro da cozinha do rei. Havia resistência para aceitar a proposta de Daniel, mas a habilidade com as palavras e sua capacidade persuasiva foram suficientes para convencer o chefe despenseiro da casa do rei. Ele não precisou mentir, nem usar de engano para convencer aquele alto funcionário do palácio. Daniel nos ensina que não precisamos usar de artifícios de engano para fazer coisas corretas. Precisamos confiar na sabedoria divina para agir com coerência e habilidade, sem precisar de artifícios mundanos para conseguir coisas.
(1.14-16) Nestes dois versículos temos o resultado da experiência proposta por Daniel de “dez dias” (v. 14). Deus abençoou aos jovens hebreus naqueles dez dias e ao final quando foram se apresentar diante do Rei, a aparência física deles era superior aos demais que haviam obedecido a dieta do palácio. Essa autodisciplina dos jovens hebreus tinha a ver a aprovação de Deus, e por esse modo que eles demonstraram a força de sua fé e do seu caráter fortalecido em situações difíceis.
IV - A SUPERAÇÃO ANTE O DESAFIO BABILÔNICO (1.17-21)
A superação pela fidelidade a Deus
(1.17) Neste versículo a poderosa mão de Deus dirigiu todo o curso dos acontecimentos (vv.2, 9) , bem como, a saúde física, o vigor intelectual e a capacidade de superar inteligências comuns. O texto diz que “Deus lhes deu” tudo aquilo que os outros príncipes do palácio não tinham. Deus era a fonte de todo o conhecimento concedido aos jovens hebreus, além da capacidade de discernir o certo do errado. Mais que a cultura babilónica era a cultura geral que os jovens hebreus receberam para saber se conduzir no palácio e gozar da confiança do Rei Nabucodonosor.
(1.18-20) Havia um grau de exagero retórico de Nabucodonosor quando referiu-se aos jovens hebreus como demonstrando habilidades “dez vezes mais doutos que os demais” (v.20). Na realidade, essa constatação do Rei demonstrou a sua admiração por esses jovens. Mas havia em tudo isso, o dedo de Deus dirigindo a vida desses hebreus, de modo a que seu nome fosse glorificado diante da glória efêmera de Nabucodonosor.
“E Daniel permaneceu até ao primeiro ano do rei Ciro” (1.21). É interessante notar que esse capítulo tem um caráter histórico no qual o autor relata os aspectos principais dessa história. O reinado do rei Ciro, da Pérsia, conhecido como “o Grande”, é um vislumbre do futuro de 70 anos depois de Nabucodonosor. Ciro conquistou a Babilônia em 539 a. C. De sua juventude quando foi exilado para a Babilônia por Nabucodonosor haviam se passado 70 anos e já tinha aproximadamente 85 anos quando os persas conquistaram a Babilônia. Os capítulos 5 e 6 do livro retratam esse tempo.
“e Daniel permaneceu até...” (1.21). Por um desígnio de Deus, Daniel permaneceu como oficial do império de Nabucodonosor até Ciro da Pérsia durante todos esses anos do cativeiro de 70 anos dos judeus em terra estrangeira, porque estava predito em profecias, especialmente, de Jeremias. Nestes 70 anos de cativeiro, Jerusalém foi invadida e saqueada da sua riqueza. Houve deportação em massa dos judeus e tudo isso porque “Joaquim, rei de Judá, fez o que era mau aos olhos do Senhor” (2 Rs 24.8,9).
CONCLUSÃO
A grande lição que aprendemos com Daniel e seus amigos é que, ao rejeitarem os manjares da mesa do rei da Babilônia é possível ser feliz no mundo moderno sem se contaminar. A tentação dos pratos babilónicos não é diferente dos que são oferecidos em nossos dias. As iguarias do sistema mundano tem feito cair muitos servos de Deus. Hoje, alguns cristãos modernos, confundem contextualização com absorção dos manjares modernos que contaminam a vida cristã. Não temos de nos envergonhar da nossa fé, nem precisamos escondê-la, muito menos engessá-la e torná-la figura de retórica. Temos que acreditar que a fé verdadeira se torna uma fonte de energia para nossas forças intimas para enfrentar as adversidades. Essa experiência de Daniel nos leva a fazer uma analogia dos seus dias com a realidade do mundo moderno. Por isso, no meio de uma geração corrompida, guardar o coração para o Senhor é uma vitória.
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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema