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A Reciprocidade do amor cristão - Lições Bíblicas EBD/CPAD - Subsídio Teológico com o pr. Altair Germano
Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade. Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece. (Fp 4.10-13)
No texto acima há profundas verdades que devem nortear a vida cristã.
O CONTENTAMENTO
O contentamento é algo a ser aprendido, pois a natureza humana é tendenciosa a um estado constante de insatisfação. O verbo grego emathon (aprendi), que no presente texto se encontra no modo indicativo, no tempo aoristo e na voz ativa, fala-nos de algo experienciado pelo apóstolo em algum momento no passado, para não mais ser esquecido ou deixado de ser praticado no presente e no futuro.
O termo grego traduzido por contentamento é autárkes, que significa satisfação que independe das circunstâncias exteriores, uma auto-suficiência interior[1], desprendimento[2].
Viver neste nível é algo pertinente ao cristão que amadureceu com as experiências da vida. É na “escola da vida” que o contentamento é aprendido e vivido, de uma forma que a “gangorra da vida” não nos causa maiores surpresas.
A vida se parece com uma gangorra. Uma hora você está por cima, outra hora está por baixo. É necessário saber viver nas duas dimensões ou circunstâncias.
Estar por cima implica no privilégio de ver o mundo de uma perspectiva mais abrangente.
Estar por cima é uma posição que pode gerar um sentimento de superioridade.
Estar por cima é uma posição vulnerável. O mínimo descuido pode resultar em desequilíbrio e queda.
Estar por baixo não produz grandes sensações.
Estar por baixo nos ensina a viver com os pés no chão.
Estar por baixo deve nos proporcionar a sabedoria necessária diante da expectativa e da possibilidade de subir.
Em cima ou em baixo, a confiança em Deus será sempre necessária.
A gangorra nos ensina que para nos mantermos em cima, precisamos de alguém em baixo para nos dar a devida sustentação.
É preciso valorizar os que estão em baixo.
Ninguém está livre da gangorra da vida, porém, no Senhor podemos todas as coisas.
Honra ou humilhação, fartura ou fome, abundância ou escassez, aplauso ou indiferença, reconhecimento ou ingratidão, atenção ou desprezo, acolhimento ou abandono, fidelidade ou infidelidade, não importa as circunstâncias, em Cristo nos sustentaremos, e a glória a ele daremos.
Estar contente não significa estar acomodado. O contente tem a convicção de que fez e deu o melhor de si. Se a situação se torna desfavorável, ele simplesmente confia na permissão de Deus, e mesmo que não entenda as coisas, espera e agradece ao Senhor (1 Ts 5.18).
Neste nível de maturidade cristã não se murmura na adversidade, nem se ensoberbece na prosperidade.
Apesar da força do Senhor, a solidariedade dos irmãos é sempre bem-vinda nos momentos de tribulação, lutas ou sofrimento (Fp 4.14).
O SUSTENTO DO OBREIRO
E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades. Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito. Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. (Fp 4.15-19)
Digno é o obreiro do seu salário (1 Tm 5.18b). Digno é o obreiro de um salário digno. Um salário digno é aquele que nem a igreja, e nem o obreiro tem vergonha de dizer quanto paga ou ganha, quer seja pelo pouco ou pelo muito que se paga ou que se ganha.
Infelizmente, o ministério cristão tem sido alvo de alguns mercenários da fé, que somente pastoreiam ou pregam por altos salários e ofertas. O pior é que tem quem pague. O sustento do pastor, ou a oferta do pregador/preletor deve ser proporcional a realidade financeira da igreja. É uma questão de bom senso.
Em algumas igrejas onde o modelo episcopal é vigente (no topo da pirâmide hierárquica está o apóstolo, bispo ou pastor presidente), é comum ver pastores estabelecendo o próprio salário. Em alguns casos o tesoureiro é figura meramente decorativa, e o Conselho Fiscal faz de conta que fiscaliza. É o “chefe” quem manda na grana, e quem dela desfruta, ao mesmo tempo em que a obra e os obreiros auxiliares sofrem com a falta de manutenção e escassez de recursos.
A igreja é em alguns casos tratada como empresa pessoal ou familiar. O pastor se acha detentor por direito divino de administrar como bem quer as finanças. Tal prática destoa dos princípios e modelos bíblico-cristãos de governo eclesiástico, parecendo mais com algum tipo de totalitarismo, monarquismo ou imperialismo evangélico pós-moderno, onde tudo é relativizado, incluindo o bom caráter, a ética cristã e a integridade pessoal.
Nos dias atuais já se tornou corrente a expressão “uma boa igreja”, onde por “boa” se entende a igreja onde as contribuições são altas, onde a receita oriunda dos dízimos e ofertas produz estabilidade e segurança administrativa. Sim, nos dias atais há muitos obreiros brigando pela chamada “boa igreja”. Na realidade, a “boa igreja” é aquela que por misericórdia o Senhor nos permite servir como obreiros. Não importa a quantidade de membros ou renda da igreja, é o Senhor quem garante o nosso sustento e provisão.
Precisamos de igrejas generosas, sensíveis às necessidades dos obreiros. Semelhantemente, a igreja necessita de obreiros que não sejam gananciosos ou inescrupulosos, que não adotem a postura de lobos devoradores.
A reciprocidade entre igreja e obreiro no que tange a oferta, o salário e o sustento ministerial, deve estar fundamentada na justiça, na verdade, na santidade e na bondade, conforme as Sagradas Escrituras.
[1] RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave lingüística do Novo Testamento grego. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 416.
[2] HAUBECK, Wilfrid. Nova chave lingüística do Novo Testamento grego. São Paulo: Targumim/Hagnos, 2009, p. 1127.
Fonte: Blog do Pr. Altair Germano
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Pastor Carlos Roberto Silva
Point Rhema