A
partir de manifestação iniciada em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, a
qual reivindicava redução no valor das passagens do transporte público urbano,
toda a nação foi invadida por uma onda de manifestações populares, as quais,
motivadas pelo movimento auto denominado como “PASSE LIVRE”, passaram a chamar
a atenção das autoridades brasileiras por mais
investimentos e melhores prestação de serviços nas mais diversas áreas,
entre elas as principais: transporte, educação, saúde e segurança.
A
bem da verdade, foi exagerada a imagem veiculada mundo a fora, de um paraíso chamado Brasil, em nítido contraponto
com a dura realidade e as necessidades de um povo que luta diariamente para
sobreviver ao descaso do serviço
público, mormente nas áreas que aqui mencionamos, por outro lado, há de
se convir que a falta de organização e comando nas manifestações, assim como o
vandalismo que se infiltrou, aliado a proliferação dos temas, prejudicaram parcialmente
o foco e a objetividade do movimento.
A
manifestação popular é legítima ferramenta da democracia, e o governo de
plantão sabe muito bem disso, mas o que aqui registro e também quero refletir
com nossos leitores, é a baderna e o espírito de vandalismo que se infiltrou e tirou
proveito do movimento, depredando e danificando o patrimônio público e privado,
saqueando lojas, incendiando ônibus e viaturas, trazendo total desconforto a
todos. Essas atitudes trouxeram perplexidade, angústia, medo e insegurança à
nação como um todo, inclusive à maioria dos manifestantes, os quais de uma hora
para outra se viram em meio a um movimento estranho não projetado.
A
manifestação popular é um direito líquido e certo do cidadão que vive em um
estado democrático, porém, tais movimentos não podem tolher o direito de ir e
vir dos demais cidadãos não participantes. Vale aqui a máxima: “O direito de um cidadão termina quando
começa o do outro”. Assim como os manifestantes, muitos outros também não
estão satisfeitos com a situação, mas por decisão própria reagem de maneira
diferente, e isso merece respeito.
Se uma manifestação atrapalha o direito de
outrem trabalhar, estudar ou simplesmente se movimentar livremente, como
aconteceu nos últimos dias em toda a nação brasileira, que dirá quando se depreda
e deprecia o patrimônio público que pertence a todos, e pior ainda o particular
e privado, trazendo pequenos ou grandes prejuízos pecuniários a quem quer que
seja. A princípio me parece que a dose foi exagerada, e se a maioria dos
manifestantes nada teve a ver com tais atitudes, com certeza foi prejudicada
pela infiltração de uma minoria mal intencionada.
Volto
agora para a realidade cristã que é o meu foco. Como podemos analisar do ponto
de vista bíblico, um cristão participando de um movimento que promove
desenfreada insurreição, prejuízos e danos materiais ao próximo? Porventura seria
isso um “bom testemunho” ou uma ação qualificada como “boas
obras”, para quem foi chamado para ser “Sal da terra e luz do mundo?”.
– Mateus 5: 13-14
Por
outro lado, seria uma boa associação para um cristão, estar aliado a outros que
tumultuam, denigrem e imprimem prejuízos a terceiros? Onde fica o conselho
bíblico de que “o cristão deve se afastar da roda dos escarnecedores?”. Salmos 1: 1
A
turba por tradição age no ímpeto do seu instinto, sem o menor senso de
equilíbrio e moderação. A Bíblia diz: Os homens escarnecedores alvoroçam a
cidade, mas os sábios desviam a ira – Provérbios A multidão esconde o rosto e a
individualidade das pessoas, induzindo aqueles que estão agrupados em meio à
massa humana, a ações que jamais teriam coragem, a não ser se estiverem sob a
sombra do anonimato. Recentemente a imprensa divulgou amplamente, o
arrependimento declarado de um jovem de classe média, flagrado e reconhecido
graças às câmaras de segurança, quando a
multidão enfurecida depredava e tentava invadir a todo custo a prefeitura de
São Paulo. O “leão enfurecido”, se tornou uma “ovelha arrependida” quando do
seu depoimento, assumindo seu erro, inclusive prometendo trabalhar para reparar
os danos causados.
Não
bastasse isso, outro flagrante desrespeito aos princípios bíblicos, é o
enfrentamento com a polícia, que no caso representa a força do estado, e portanto
as autoridades legitimamente eleitas por nós e constituídas por Deus. A Bíblia
diz claramente que devemos orar pelas autoridades e nos submetermos a ela e se
falharmos descumprindo as leis, estamos sujeitos à repressão imposta.
Bem,
entendo que para um cristão verdadeiro, as manifestações populares também são
legítimas, porém, até o ponto que sejam
pacíficas e não atrapalhem ou infrinjam constrangimentos e ou prejuízos aos
demais cidadãos que gozam dos mesmos direitos dos manifestantes, e nem mesmo ao
patrimônio público, uma conquista de toda a sociedade.
Se
as manifestações pacíficas e sem os exageros aqui destacados, forem
insuficientes para chamar a atenção e mexer com a sensibilidade das autoridades,
de forma que se conscientizem de seus erros,
ainda assim, o enfrentamento do ponto de vista bíblico e cristão não é
recomendado.
Agora,
temos sim uma ferramenta eficaz que é a oração do povo de Deus, o que também é
uma ordenança bíblica, até a realização das próximas eleições. Chegando lá,
nosso voto é a ferramenta mais legítima, coerente e democrática. Será uma espécie de instância maior, à qual
os políticos de plantão terão que se render.
Agora,
é necessário que as autoridades não confundam bom testemunho cristão com alienação
ou acomodação. Para tanto, os cidadãos cristãos, tem todo o direito de se utilizarem das ferramentas legais
existentes, através das instituições de fiscalização, como o Ministério Público,
tribunais de conta e de justiça, os quais estão à disposição de todos e, em
última instância, o cristão não deve esquecer que, numa democracia, o voto é o benevolente fiador que avaliza e torna
acessível aos políticos, os palácios do executivo e as cobiçadas cadeiras do legislativo,
mas ao mesmo tempo, o gatilho que ameaça
e, se disparado, assina a “sentença de
despejo” dos “inquilinos do poder” que se manifestam como corruptos,
incompetentes e irresponsáveis para com o povo.
Ao
cristão, a Palavra de Deus recomenda equilíbrio em todas as coisas:
Excelente reflexão!
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