A infidelidade conjugal é um sério problema, e que compromete o
futuro do casamento. Por isso, a igreja precisa aprender a lidar biblicamente
com essa realidade. Na aula de hoje trataremos a respeito do conceito bíblico
de infidelidade, bem como da sua abordagem, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento. Ao final, apresentaremos encaminhamentos práticos a fim de evitar a
infidelidade no casamento.
1. A INFIDELIDADE CONJUGAL: DEFINIÇÃO
BÍBLICO-TEOLÓGICA
A infidelidade conjugal, no contexto bíblico, diz respeito ao
ato sexual de uma pessoa casada com outra que não é o seu cônjuge. O termo mais
específico para a infidelidade conjugal é adultério, tendo em vista que o ato
sexual antes do casamento é reconhecido como fornicação. A palavra hebraica no
Antigo Testamento para adultério é naaph, que aparecem em dois contextos
distintos. No primeiro diz respeito à violação do relacionamento conjugal em
que o esposo ou a esposa tem um envolvimento sexual com uma terceira parte.
Essa palavra ocorre mais de trinta vezes, principalmente na literatura
profética, para se referir ao adultério moral de Israel, seu distanciamento de
Deus (Jr. 2.33; 7.9; 23.14; 29.23; Os. 4.2; Ml. 3.5). No Novo Testamento, a
palavra grega para adultério é moichos, substantivo associado àqueles que se
tornaram culpados em virtude da infidelidade conjugal (Lc. 18.11; I Co. 6.9;
Hb. 13.4). Esse termo também é usado metaforicamente, para fazer referência às
pessoas que traíram a Cristo, e se envolveram com o mundo (Tg. 4.4). Atrelado a
essa palavra encontramos também o termo grego moicheia, que é o pecado físico
do adultério (Mt. 15.19; Mc. 7.21; Jo. 8.3; Gl. 5.19). Na língua portuguesa, a
palavra adultério vem do grego adulterium, que significa dormir em cama alheia.
Mas é preciso ter cuidado para não confundir adultério – moicheia em grego, com
imoralidade sexual – porneia em grego, tem a ver com fornicação, ou qualquer
tipo de imoralidade sexual (Mt. 5.32).
2. A INFIDELIDADE CONJUGAL NO ANTIGO E NOVO
TESTAMENTO
O adultério era terminantemente proibido no Antigo Testamento
(Dt. 5.18), mais especificamente no Decálogo (Ex. 5.18). O pecado da
infidelidade conjugal, ou mais precisamente, do adultério, era tão grave que a
punição deveria ser com a morte (Lv. 20.10; Dt. 22.22). A recomendação rabínica
era que a morte deveria acontecer por estrangulamento. Nos tempos de Jesus, a
punição se dava por apedrejamento, e que os culpados deveriam ser pegos no ato
do pecado (Jo. 8.5). O adultério era tido como um crime horrendo no Antigo
Pacto (Jó. 31.11), por isso os profetas advertiram o povo de Israel quanto ao
envolvimento nesse tipo de pecado (Pv. 2.17). O profeta Natan repreendeu o rei
Davi por causa do seu pecado de adultério, seguido de homicídio (II Sm.
12.7), o qual orou a Deus, suplicando perdão (Sl. 51). Os livros sapienciais,
com maior propriedade o de Provérbios, trazem instruções a fim de que o homem
não se envolva em pecado de adultério (Pv. 6.29-32). A gravidade do adultério é
percebida também na Bíblia porque esse pecado justifica o divórcio (Dt. 24.1;
Mt. 19.9). Isso porque o adultério compromete os laços conjugais (I Co.
6.15-17; Hb. 13.4) concretizados no enlace matrimonial (Gn. 2.24). Para Jesus,
o ato do adultério vai além do contato dos corpos, o olhar desejoso de um homem
para um mulher, cometeu pecado em seu coração (Mt. 5.28). A prática constante
do adultério pode resultar em apostasia, provocando esfriamento espiritual, e
distanciando a pessoa de Cristo (I Co. 6.9,10). O caso de adultério – ou
infidelidade conjugal – de Davi, anteriormente mencionado, revela algumas
lições: 1) ninguém está imune à tentação, qualquer pessoa pode cair em
adultério, até mesmo um guerreiro como Davi (I Sm. 18.7-8; I Co. 10.12); 2) o
melhor é permanecer no local planejado por Deus, não se distanciar dos Seus
desígnios (I Sm. 11.1); 3) não se deve alimentar pensamentos pecaminosos, que
incitem à concretização do adultério (II Sm. 11.2-5; I Co. 6.18); 4) não
adianta acobertar o pecado da infidelidade, é preciso buscar arrependimento, e
voltar-se para Deus (II Sm. 11.6-13); e 5) Nem tudo está perdido, Deus perdoa o
pecado de adultério, e tem poder para restaurar o espírito quebrantado (I Co.
6.11; II Co. 5.17).
3. RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS PARA EVITAR A
INFIDELIDADE CONJUGAL
Os cristãos estão sujeitos à infidelidade conjugal, por isso,
devem fazer todo o possível para não caírem nesse pecado. As pessoas são
diferentes, algumas delas são mais propensas à infidelidade conjugal, essas
devem ter cuidado redobrado, estarem atentos aos seus limites (I Co. 10.12). O
esposo deve permanecer ciente do seu compromisso com sua esposa, e deve
tratá-la com amor, como Cristo se sacrificou pela Sua igreja (Ef. 5.25). É
preciso estar atento às fragilidades emocionais, muitos casos de infidelidade
conjugal acontecem porque um dos cônjuges se encontra emocionalmente
fragilizado. Por isso, quando precisar de aconselhamento, não conte sua
situação para uma pessoa do sexo oposto, mesmo que seja um colega de trabalho,
ou da igreja. Mais importante que isso, antes de se envolver em um ato de
infidelidade conjugal, calcule as consequências, geralmente são desastrosas,
principalmente para a vida espiritual (Ap. 22.15). O marido e a esposa têm
responsabilidades conjugais no casamento, inclusive em relação ao sexo. O
relacionamento sexual, dentro do casamento, deve ser uma prática constante (I
Co. 7.5). A partir do livro de Provérbios, que apresenta recomendações práticas
a fim de evitar o adultério, extraímos alguns conselhos, particularmente com
base em Pv. 2.16,17: 1) Não se entregar às palavras lisonjeias, essa orientação
serve tanto aos homens quanto às mulheres, pois a infidelidade conjugal começa
com o uso de expressões elogiosas (Pv. 2.16), os lábios que conduzem ao
adultério são perniciosos (Pv. 5.3; 6.24; 7.5, 21,23); 2) Não se esqueça de que
você é alguém comprometido, tanto com Deus quanto com seu cônjuge (Pv. 2.17).
Os cônjuges, mesmo geograficamente distantes, estão unidos através dos laços
conjugais. O marido ou mulher não podem trocar as carícias de amor, por
aqueles oferecidos nas ruas, ou outros ambientes pecaminosos (Pv. 7.10-12); 3)
Os cônjuges não estão ligados apenas por um contrato, mas por uma aliança, cujo
fundamento é a Palavra de Deus (Pv. 2.17). O elo que firma essa aliança é o
amor (Fp. 1.9), que deve ser cultivado no casamento cristão, e não pode ser
rompido pelo fogo destruidor do adultério.
CONCLUSÃO
A infidelidade conjugal tem causado muitos estragos nos
relacionamentos, até mesmo entre os cristãos. É preciso estar atento aos
perigos do adultério, suas consequências são desastrosas para a vida do casal,
inclusive para os filhos. Marido e mulher devem investir na relação, inclusive
sexualmente, evitando, assim, a fragilização que pode conduzir ao pecado. Acima
de tudo deve prevalecer o amor-agape, que se sacrifica, e motiva à obediência
(Jo. 14.21).
BIBLIOGRAFIA
HUGHES, K., HUGHES, B. Disciplinas da família cristã.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
SOARES, E. Casamento, divórcio e sexo à luz da Bíblia.
Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
PARABÉNS PELO ESTUDO DEUS VOS ABENÇOE.
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