O artigo abaixo, de autoria do nobre Pr. Claudionor de Andrade, foi publicado originalmente no Jornal MENSAGEIRO DA PAZ - Edição Agosto/2012 - Publico em meu blog, primeiro por concordar plenamente com seu conteúdo, e também como uma maneira de contribuir com a sua divulgação. - Pr. Carlos Roberto Silva
CONVENÇÃO DE PASTORES TAMBÉM É IGREJA
Pr.
Claudionor de Andrade
Dias
desses ouvi um pregador dizer que convenção de pastores não é igreja. Depois de
uns volteios retóricos, esse tal pregoeiro fez uma pausa, e arrematou: “Para
mim, convenção não passa de uma mera entidade paraeclesiástica”.
Confesso que
essa declaração deixou-me bastante preocupado. Se convenção não é igreja, o que
é então? Um sindicato? Um grêmio? Ou um clube? Eu sei muito bem que,
juridicamente, há diferenças entre igreja e convenção. Teologicamente, contudo,
a igreja faz-se presente todas as vezes que dois, ou três, congregam-se em o
nome do Nazareno. E, pelo que tenho visto, numa convenção não se reúnem apenas
dois ou três, mas centenas e, às vezes, milhares de obreiros. Logo, como não é
igreja, se tantos pastores, evangelistas e até mesmo teólogos encontram-se congraçados
em o nome do Filho de Deus?
Afinal, se convenção não é igreja, é o
quê? Tomara não venha a transformar-se numa agremiação partidária, com todos os
vícios (e quase nenhuma virtude) da política secular. Se isso acontecer,
deixaremos de ser igreja para nos fazermos povo. No Pentecostes, o povo fez-se
igreja e admirava a todos por sua santidade, comunhão e serviço. Problemas?
Havia-os e não eram poucos. Entretanto, cada dificuldade era dirimida sob a
orientação do Espírito Santo.
Em Atos dos Apóstolos, registra Lucas a
ocorrência de três concílios. No primeiro, os discípulos concentraram-se a fim
de escolher o substituto de Judas Iscariotes. Observe-se que a decisão do
colégio apostólico foi precedida por uma reflexão teológica e por uma fervorosa
súplica (At 1.26). O sorteio foi apenas um detalhe naquele clima de concórdia e
temor a Deus. No segundo concílio, os apóstolos convocaram a comunidade dos
discípulos, para resolver uma emergência social: o socorro às viúvas dos judeus
helenistas (At 6.1-6).
Encerrada a reunião, ganhava a igreja o diaconato. Quanto
ao terceiro concílio, o que podemos dizer? Apesar da nevralgia do tema, a
reunião é concluída com uma declaração que ressalta a unidade e madureza da
Igreja Apostólica: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor
maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas
sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das
relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde”
(At 15.28.29).
Concílio
ou Convenção?
Visando a conciliar os bispos de todas as regiões do
Império Romano, o imperador Constantino (272-337) convocou-os, em 325, a uma reunião em Niceia. A cidade,
localizada na atual Iznik, região hoje pertencente à Turquia, era de fácil
acesso à maioria dos pastores. A esse encontro deu-se o nome de Primeiro
Concílio Ecumênico da Igreja Cristã, pois todas as congregações deveriam estar
ali representadas. Segundo Atanásio, 318 dignitários fizeram-se presentes. Já o
historiador Eusébio só conseguiu contar 250.
À semelhança dos concílios realizados
em Jerusalém sob a liderança dos santos apóstolos, o objetivo de Niceia era também
conciliar agendas e ânimos. Infelizmente, teve de ser supervisionado por um
imperador, cuja fé, até hoje, não foi devidamente explicada. Seja como for, os
bispos saíram daquela reunião razoavelmente conciliados. Pelo menos levaram na
bagagem um credo e uma cristologia bem definida.
Concílio! Gosto muito dessa palavra. Se
lhe formos procurar o étimo, descobriremos: tanto o verbo conciliar quanto o substantivo concílio
têm, em latim, uma procedência comum. Seja-me permitido, pois, dizer: o
objetivo de um concílio não pode ser outro senão harmonizar, buscar acordos entre
partes conflitantes e irmanar antagonismos. É claro que jamais devemos negociar
a verdade bíblica nem apequenar a soberania de Cristo sobre a sua Igreja. Mas
sempre que possível, busquemos a paz.
Algumas denominações ainda fazem uso
desse termo. Outras preferem um mais adequado às suas demandas administrativas:
convenção. Não vá pensar esteja eu sugerindo que se convoque uma assembléia para
deliberar sobre a palavra mais apropriada. Concílio? Ou convenção? Afinal, ambas
são tomadas, às vezes, como sinônimos. Atentemos, então, à etimologia do
segundo vocábulo. Oriundo do substantivo latino coventionem, este termo significa não somente reunião, mas ainda ajuste,
acordo. Por conseguinte, quando nos reunimos em convenção, objetivamos
convencionar temas e pautas, buscando sempre a reconciliação. No entanto,
ressalvamos: a supremacia das Escrituras Sagradas não pode ser negociada.
Afinal,
convenção é igreja, ou não?
Para se formar uma sinagoga são necessários pelo menos
dez varões judeus. Mas para se convocar a Igreja de Cristo, bastam duas ou três
pessoas predisporem-se a se reunir em seu nome. É o próprio Senhor quem no-lo promete:
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio
deles” (Mt 18.20). Não importa se aí estão um homem, uma mulher e um menino. Ou
três simples crianças. Se forem três pastores, melhor. Afinal, são três
ministros do Senhor, que têm por hábito invocar constantemente o Cordeiro.
Suponhamos, então, estejam reunidos num mesmo lugar
três mil pastores. Nesse caso, é o céu na terra. O monte transfigura-se e
a roupa de todos resplandece. Pelo menos é o que deveria acontecer.
Infelizmente, esquecendo-nos de que convenção também é igreja, ao invés de nos
congregarmos em nome de Cristo, segregamo-nos partidariamente em torno de
outros nomes. Este é de Paulo. Aquele, de Apolo. E aqueloutro, de Cefas. Oh, e
há também os que declaram pertencer apenas a Cristo. Estes
são os piores.
De repente, passamos a nos comportar como se
estivéssemos numa agremiação política. Gritamos, ofendemos nossos pares,
desrespeitamos os que presidem e acabamos por escandalizar a todos. Às vezes,
até palavras de calão proferimos. Em algumas ocasiões, usamos a truculência e a
força bruta.
Nessas ocasiões, esquecemo-nos de que há sempre um
celular gravando-nos os excessos e uma filmadora nada discreta captando-nos
cada um dos impropérios. No instante seguinte, está tudo na internet. Todo o
nosso destempero vai para a rede. Como todos sabemos, caiu na rede é escândalo.
Que espetáculo deprimente! Em minutos, fiéis e infiéis ajuntam-se para nos caçoar
a insensatez. Até os nossos lábios são lidos, dando eco àquele palavrão que não
conseguimos calar.
O que estamos legando às novas gerações? Uma coleção
de postagens na internet, expondo-nos o mau testemunho e a postura nada
exemplar? Sim, o que estamos deixando aos que nos sucederão nos púlpitos e nas cátedras?
Nossos filhos e netos carecem de referências morais e espirituais. Se não lhas
dermos, onde as buscarão? Nesse mundo que jaz no maligno?
Sim, convenção também é igreja. Logo, não pode ser uma
mera democracia. Embora usemos o voto para escolher os que nos presidem, jamais
será uma democracia: seu governo é cristocrático.
Conclui-se, pois, que Jesus é
a cabeça não apenas da congregaçãozinha que se reúne ao pé do morro, como também
da convenção que se instala no espaçoso e confortável auditório. Por isso, quer
nos achemos num concílio, ou numa convenção, lembremo-nos de que estamos congregados
em o nome de Jesus.
Sim, convenção também é igreja. E pastor também é crente.
"Concordo veementemente!
ResponderExcluirConvenção de pastores é Igreja. E pastor é crente. Pelo menos deveria ser.
Precisamos mesmo de mensagens e pronunciamentos como este,para alertar e despertar,para ver se pelo menos,alguns,se arrependam e voltem ao primeiro Amor. DEUS nos ajude e tenha misericórdia de nós e da sua querida Igreja que é a Coluna e Firmeza da Verdade.
Valeu,Pr Carlos Roberto Silva pela publicação,divulgação e postagem, pois nem todos têm acesso ao MP todos os meses. e uma mensagem como esta tem que ser difundida.
"PARABÉNS ao Pr Claudionor de Andrade!! DEUS continue usando este instrumento."
Eu discordo do tema e do desenvolvimento do texto, acredito ser uma indireta e uma partidarização de uma idéia. Mas deixarei as "questões loucas e genealogias" (tradução corrigida) para os obreiros.
ResponderExcluirTrocando em miúdos: o autor desse artigo trabalha na CPAD?Então ele quer simplesmente responder ao candidato opositor do atual presidente que a CGADB é Igreja sim. Triste isso! Até nos artigos da MP fazem política.
ResponderExcluirPr. Moises Lima.
Pastor Carlos, a paz do Senhor.
ResponderExcluirO que vemos o famoso efeito "Bipolar" de comportamento. Pois em algumas igrejas e pricipalmente nos "cultos de Doutrina", os "crentes de banco" são ensinados e orientados a não levar os irmãos à justiça dos homens. Porém, os "crentes de Púlpito" ou convencinais, ultimamente,têm resolvidos suas causas na justiça humana, com liminares e outros instrumentos jurídicos.
O que dá para entender é que em algumas convenções as duas coisas que não convergem são: O amor ao mesmo deus e o fora-de-moda amor ao próximo.Somente estas duas.
Sobre o restante... tudo converge, como por exemplo: A Doutrina da Predestinação do DNA Ministerial, onde ambas as partes mesmo conflitantes eternizam suas proles nos tronos e castelos, sem qualquer crítica e debaixo das "copiosas bênçãos" da maioria complascente e omissa.Nisto não há qualquer divergência, pois já faz parte dos "Bons costumes" e serem praticados e preservados como "identidade denominacional".
Paulo Mororó
Se a idéia expressa por este que considero um mestre Claudionor Correa de Andrade é tendenciosa só Deus sabe, mas não posso deixar de concordar com ele, aliás a falta de amor, respeito e tolerância em convenções se dão exatamente por alguns esquecerem de que concílio ou convenção também é igreja.
ResponderExcluirSe a idéia expressa por este que considero um mestre Claudionor Correa de Andrade é tendenciosa só Deus sabe, mas não posso deixar de concordar com ele, aliás a falta de amor, respeito e tolerância em convenções se dão exatamente por alguns esquecerem de que concílio ou convenção também é igreja.
ResponderExcluirA Paz do Senhor Pastor Carlos.
ResponderExcluirA sua fala no culto do dia 04out12, ao ilustrar a história do jumentinho que carregou Jesus em Jerusalém e que queria ser líder do grupo, resume algo que penso, de que não podemos esquecer jamais que o foco principal nos negócios que estamos lidando é Jesus Cristo.
Fique na Paz.
Pb Israel
Pr. Carlos, a Paz do Senhor.
ResponderExcluirIgualmente concordo com a mensagem expressa pelo autor. O conteúdo também é de uma linha de rociocínio coerente e fundamentada em conceitos espirituais.
Graça e Paz.
Pr. Gilvan Paz
Li e gostei.
ResponderExcluirRefletir um pouco sobre isto nos leva a entendermos que somos servos
Via Facebook
A Igreja é um corpo. Quem se reúne em nome da Igreja deve agir como membros do corpo para ter a legitimidade desse nome.
ResponderExcluirVia Facebook
Excelente, elucidativa e edificante mensagem!
ResponderExcluirDeus o abençoe e lhe conserve nobreza! Que esta pena seja sempre usada pra trazer clareza Escriturísticas...Abçs
Muito obrigado Pastor Carlos por esta postagem, que DEUS esteja sempre na direção de suas missões.
ResponderExcluirVia Rede Sonico
Que Deus abençoe a o senhor em nome de seu filho Jesus.
ResponderExcluirVia Rede Sonico
Tinha que escrever um arttigo oportunista desses né para não perder o emprego, isso sim é que é legislar em causa própria.
ResponderExcluirCaro pr. Carlos roberto,
ResponderExcluirA paz amado!
A matéria é de excelente compreensão, e creio que, é um alerta significativo aos que se pulverizam nas convenções por seus interesses e motivações pessoais.
A bem da verdade, creio que o significado maior do texto é levar ao pensamento cristão, aos que se revestem de uma autoridade proporcionada pelos homens, e sentem-se em um jogo político ao tentarem eleger os seus CANDIDATOS, por preferencia dos interesses proporcionados a uma cadeira no ministério.
Triste, mas o que foi notícia a respeito do último encontro, transmitiu um cheiro fétido que nenhuma igreja de verdade teria a capacidade de proporcionar.
Realmente uma convenção deve ser o resultado da própria igreja na responsabilidade da liderança proporcionar exemplo aos liderados.
Tem acontecido o contrário, pela eleição de cargos, por puro interesse em posições no ministério.
Esta de maneira nenhuma reflete a igreja de CRisto, e sim, uma igrejinha de fundo de quintal.
Vale a pena avaliar com cuidado a preocupação e a definição bem solícita do escritor.
O Senhor seja contigo, nobre pastor,
O menor dos teus irmãos.
Olá meu nobre amigo, pastor Carlos,
ResponderExcluirRealmente o Claudionor foi feliz em sua colocações e embora a
Convenção tem sido arrastada por seus líderes e desejosos a uma
simples agremiação política - o que mais tem representado -, é sim um
ajuntamento de 'crentes em Cristo' (supõe-se) e, portanto, acabaria em
reunião de fiéis e, por fim, igreja.
Forte abrç,
Mesquita
Amados irmãos:
ResponderExcluirO artigo se propõe apenas a refutar ao pr. Samuel Câmara, que sempre diz que convenção não é igreja não é amados? E tudo isso porque ele é opositor do autual presidente, certo.
Mas só que o autor se esqueceu de analisar o angulo que o pr. Samuel diz isso: Ele diz que Convenção não é igreja no sentido de que não é igreja propriamente dita ,não é registrada como tal e não tem a função de uma igreja.
Aqgora quanto a questão bíblica que basta 2 ou 3 reunidos em nome de JESUS para a formação de uma igreja, isso não se discute não é gente? E claro que o pr. Samuel sabe disso. Agora alguns estão interpretando suas palavras ao seu bel prazer.
Presbitero Arnaldo - Belém-PA
"Eu sei muito bem que, juridicamente, há diferenças entre igreja e convenção. "
ResponderExcluirPois foi exatamente neste sentido que o pr. Samuel diz que convenção não é igreja!
Querido Pr Claudionor.
ResponderExcluirIgreja quando se reune tem Salmos, hinos, hinos e canticos espirituais. Cantando e salmodiando ao Senhor Jesus.
Convençao quando se reune, tem acusações, desaforos, tapas, ameaças, segurança armada, compra de votos,cheques sem fundos,embora tudo isso termine sempre com um grande culto de festivo, onde o sao promovidas algumas pessoas
Dá pra comparar mesmo igreja e convençao ?