Firmeza doutrinária e apologética contra as heresias dos tempos modernos

FIRMEZA DOUTRINÁRIA E APOLOGÉTICA

Parte deste artigo foi publicado originalmente no Jornal O Mensageiro da Paz, da CPAD, edição de no. 1494 - Novembro de 2009 - Página 16 na coluna Apologética comtemporânea

Boa parte da nossa geração, devido a influência midiática dos modismos, tem encontrado dificuldade para manter a firmeza doutrinária e apologétia nos tempos modernos. Este é um dos pontos críticos da Igreja nos dias atuais. É preciso firmeza doutrinária.

A Doutrina é o conjunto de regras e costumes que identificam um povo, uma instituição ou uma crença. Se o obreiro não tiver conhecimento e firmeza na doutrina, será tentado a viver mudando de atitudes e induzirá o povo ao erro. É como um advogado sem conhecimento da constituição e dos códigos de leis, ou um arquiteto ou engenheiro que não tenha conhecimento do Código de Obras da cidade.

Quem não aprendeu não pode ensinar. A necessidade dos tempos modernos, faz com que muitos obreiros sejam consagrados ainda neófitos, ou seja, sem conhecimento necessário para assumirem determinadas funções no Reino de Deus. Alguns ao serem tentados, findam por cair na condenação do diabo. O apóstolo Paulo antevendo essa situação, deu conselhos explícitos a Timóteo. I Timóteo 2: 1-6

A Igreja primitiva perseverava na doutrina, Atos 2: 42. Paulo não se cansou de orientar o jovem obreiro Timóteo a também perseverar e ensinar a igreja na sã doutrina. 1 Timóteo 4: 6, 4: 16. A linha ideológica de Paulo a respeito do assunto, era a mesma com todos aqueles que discipulava, tanto que não foi diferente o ensino a Tito. Tito 2: 1, 2: 10.

O crente que não for orientado na doutrina, finalmente descobrirá que foi ludibriado, e, com certeza culpará os líderes que assim agiram. Ainda que a princípio a correção não seja agradável, depois produzirá o fruto desejado. Hebreus 12: 11

A Igreja que quiser alcançar grau de excelência na vida espiritual de seus membros, não poderá abrir mão da doutrina.

Uma das virtudes do Pastor da Igreja de Éfeso mencionada pelo Senhor Jesus, também foi o seu zelo pelo combate apologético. Não só ensinava a Igreja, mas combatia as heresias que tentavam se infiltrar nela. A Bíblia é rica em advertir-nos que nos últimos tempos surgiriam falsos profetas, os quais se introduziriam em nosso meio, tentariam dissuadir os irmãos e se fosse possível enganariam a muitos.

O pastor da Igreja de Éfeso já era preocupado com essa questão, tanto que o Senhor trouxe à tona e reconheceu seu incisivo combate nessa área.

Hoje em dia, muitos obreiros despreparados entendem que uma igreja alcançará bons resultados, pelo fato de exercerem a bajulação e favorecimento naquilo que agrada as pessoas. Isso não é verdade. É necessário contestar tudo o que está errado e o pecado, à Luz da Palavra de Deus.

Não podemos só agradar ou, dizer sim a tudo que querem. É preciso coragem para contestar, varrer e banir da Igreja as sujeiras que disfarçadamente satanás procura jogar em nosso meio para engodar. É preciso discernimento, pois espíritos enganadores estão a trabalhar.

As heresias estão por todos os lados: nas mensagens, nas músicas, nas apresentações artísticas, nos maus usos e costumes que procuram se infiltrar em nosso meio, em nosso linguajar, e pasmem, até infiltradas no mover espiritual, com falsas características de avivamento.

Quando não acontece o combate, o resultado revela-se nas divisões, rebeliões e no surgimento de novas denominações evangélicas, cada um fazendo as coisas do jeito que entendem, trazendo uma concorrência desleal para o seio da Igreja, além das corriqueiras dissensões, ciúmes e invejas. II Pedro 2: 1, II Coríntios 11: 13, Gálatas 2: 4, Tiago 1: 22, I João 4: 1.

A mídia é um poderoso instrumento aliado da Igreja na propagação do evangelho, no entanto, satanás procura usá-la de todas as formas, para também, infiltrar na própria Igreja todo tipo possível de heresias. A massificação é um perigo. Nem tudo que faz sucesso serve para a Igreja. O rádio, a televisão, os CDs, DVDs e a internet, naturalmente induzem que, tudo o que reúne grande público, manipula as massas e agrada a maioria, é de Deus. Isto não é verdade. Satanás é astuto.

No deserto, o inimigo enfrentou o próprio Jesus com a Palavra, usando textos isolados e fora de contexto. É exatamente isso que acontecesse hoje. É necessário discernimento para desmontarmos a estratégia do inimigo com a própria Palavra, mas para isso, é necessário que existam obreiros hábeis nessa Palavra, os quais serão capacitados pelo Espírito Santo para resistirem, usando a ferramenta própria com habilidade. II Timóteo 2: 15, I Pedro 3: 15.

A situação está tão difícil que, quando contestamos os erros doutrinários e as heresias, principalmente dos artistas que fazem sucesso em nossos púlpitos, sejam eles cantores, grupos ou pregadores, automaticamente surgem os “advogados de plantão”, digo, na realidade são fãs defendendo seus ídolos, o que a Bíblia também condena, pois toda glória deve ser atribuída ao Senhor.

Dizem logo que ninguém deve julgar, pois são homens e mulheres de Deus que abençoam a vida do povo. Julgam que o sucesso que os tais fazem, é a prova cabal de que Deus aprova tudo o que fazem. Reitero que, à luz da Bíblia, nem a alegação de que não são ímpios e estão em nosso meio, vale para justificar suas heresias. Judas 1: 12

Nem tudo que faz sucesso é de Deus. Muitos macumbeiros também fazem sucesso, centros espíritas estão lotados, idólatras arrastam multidões em seus shows, não falta dinheiro para os traficantes de drogas e garotas de programa vivem muito bem. São prósperos, ricos e famosos, no entanto, não são de Deus, não agem de acordo com a Sua Palavra, nem lhes está garantida a vida eterna, muito ao contrário, se não se arrependerem e mudarem de atitude, a condenação já está prevista. Apocalipse 32: 8

Sucesso, dinheiro e fama, não asseguram legitimidade na obra de Deus. É preciso muita cautela.

A Igreja precisa julgar à Luz da Palavra de Deus. Essa história de que não se pode julgar é conversa fiada. Não podemos julgar nós mesmos, fazendo-se valer dos nossos próprios sentimentos, como: partidarismos, ciúmes, invejas ou mesmo preferências pessoais, mas a Palavra de Deus julga, e ela pode. Se o parâmetro for a Bíblia Sagrada, ela é o prumo, e está apta para julgar. Assim agiam os irmãos bereanos. Atos 17: 10-14

O exemplo dos crentes bereanos serve de modelo para todos quantos ouvem pregadores e ensinadores expondo as Escrituras. Nenhuma interpretação ou doutrina deve ser aceita sem exame. Pelo contrário, tudo deve ser examinado cuidadosamente mediante o estudo pessoal das Escrituras. A palavra traduzida examinar (gr. anakrino) significa peneirar para cima e para baixo; fazer um exame cuidadoso e exato. A veracidade de toda doutrina deve ser averiguada de conformidade com a Palavra de Deus

Obreiros assembleianos, precisam agir como atalaias responsáveis no Reino de Deus e, ao mesmo tempo, serem combativos contra as heresias e os falsos mestres. Isso não é uma opção acessória, mas uma obrigação; exigência de Deus para os líderes da Igreja.

Outro ponto de suma importância é o Equilíbrio na liturgia. Vivemos dias, nos quais, são raras as Igrejas que ainda conservam o equilíbrio litúrgico. Por causa da mídia, somos induzidos a copiar indiscriminadamente tudo que aparentemente é bom. Uma Igreja com 98 anos de história, não pode se dar ao luxo de assumir todas as posturas litúrgicas que surgem no segmento religioso, em detrimento das diversas gerações que precisam conviver harmonicamente dentro dessa Igreja. É preciso equilíbrio como a própria Bíblia orienta. I Coríntios 14: 26-33

É necessário também, encontrarmos equilíbrio entre os hinos denominacionais cantados de maneira congregacional, os grupos musicais (crianças, adolescentes, juventude, círculo de oração, corais), os hinos avulsos e os louvores neopentecostais que adentraram às nossas igrejas. A qualidade das mensagens cantadas é de fundamental importância.

Precisamos estar atentos e combater as letras antropocêntricas, de auto-ajuda, e principalmente aquelas que contem heresias, abertamente.

A representação coreográfica é outro item que adentrou à nossa liturgia, e têm aumentado a tal ponto, que em algumas Igrejas, não existem mais grupos musicais cantando hinos, existem apenas os “ministérios de dança”, “grupos de coreografia” e “grupos de gestos”, o que não encontramos na Bíblia. Davi e Miriam dançaram, mas não em culto, portanto não há embasamento bíblico para tal. As danças coreográficas nos cultos modernos assemelham-se aos corpos de balés, que dão apoio nos programas de auditório. Salvo raras exceções, normalmente utiliza-se de roupas e movimento sensuais, totalmente inadequados a um culto de adoração a Deus. Não existe louvor. Um equipamento toca um CD e as irmãs dançam ou fazem gestos. Tudo começa devagar, antes era só em festas, agora são grupos instituídos. Há estudos específicos sobre este assunto.

O culto para estar completo precisa de oração, louvor, oferta e a pregação da Palavra de Deus. A hora da Mensagem é o ponto alto do culto.

Nos itens apresentados anteriormente, apresentamos nossa devoção ao Senhor, tudo no intuito de que ele nos atenda e fale conosco.

Não é correto dizer para Deus: “O Senhor tem oportunidade para dar uma palavrinha para a Sua Igreja” ou “Deus, como as horas já se foram, dê pelo menos um beijinho na flor”.

A primeira impressão é que estamos limitando o pregador, porém, na realidade estamos tentando limitar o Espírito Santo, em virtude do nosso desequilíbrio na administração do culto.

Por outro lado, pregadores precisam ter mensagem de Deus e não caírem na tentação da imitação barata, dos jargões, das frases de efeito que levam o povo ao delírio momentâneo e que em nada edificam. Precisamos ter todo cuidado para não induzir o povo a erro, usando frases de efeito no sentido de animar as pessoas. Fomos chamados para sermos mensageiros de Deus e não animadores de auditório.

Pr. Carlos Roberto Silva