JONAS - A CURA DE UM PROFETA

JONAS – UM CASO MAIS SÉRIO DO QUE UMA SIMPLES FUGA

O relato envolvendo o profeta Jonas, da maneira como se convencionou, a meu ver, nem sempre tem uma avaliação justa, ou seja, a de um profeta fugindo para não fazer a vontade de Deus, o que lhe rendeu o apelido de PROFETA FUJÃO.

Vejo o caso em tela um tanto mais sério e prejudicial, na verdade assisto a um profeta, motivado pelo seu próprio trauma, tentando manipular a Deus.

O MOTIVO DA FUGA

Analisando as coisas do ponto de vista humano e a bem da verdade, Jonas tinha lá seus motivos para não compreender as misericórdias de Deus sobre a vida dos ninivitas.

A questão era de origem antropológica cultural e social, afinal de contas, Jonas crescera ouvindo e sendo informado do quanto sua gente sofrera nas mãos dos ninivitas.

De acordo a tradição histórica, os ninivitas não se contentavam simplesmente com os despojos das nações vencidas por eles em pelejas, mas tratavam seus prisioneiros de guerra com requinte de crueldade.

ÓDIO E AMARGURA NOS IMPEDEM DE FAZER A VONTADE DE DEUS

O ser humano reverencia e se delicia com a graça, quando esse dom divino beneficia a si mesmo e seus respectivos afetos, porém, quando os alvos são nossos inimigos ou desafetos, imediatamente invocamos a lei e a justiça.

Esquecemo-nos de que a Bíblia diz:
"Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens," Tito 2: 11.

A Palavra é bem clara, a todos os homens, ou seja, aqueles que gostamos e também aqueles que a quem não queremos bem.

Acredito que Jonas teria dificuldade para orar o Pai Nosso, quando diz:
"Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores." Mateus 6: 12.

Acredito que, Jonas decididamente queria ver a justiça de Deus agindo a seu próprio modo contra os ninivitas, de tal maneira que não tivessem a menor chance de arrependimento. Na realidade, Jonas não entendia que o Eterno não se trata de um deus tribal, e não tinha a ver com seu sentimento provinciano e nacionalista.

Ao pressentir que estava sendo instrumento para a manifestação do amor e da misericórdia de Deus para com os ninivitas, Jonas decidiu omitir-se, fugindo de suas responsabilidades, porém na realidade, não estava apenas omitindo-se a cumprir uma ordem, estava mesmo é tentando manipular a Deus em seus desígnios e sua perfeita vontade. Missão inglória, imposta por Jonas a ele mesmo.

Muitos profetas e homens de Deus decidem pelas feridas dos seus próprios traumas, bem como pela dureza de seus corações, que poderão manipular a Deus. Missão impossível.

TEMPESTADE DE DEUS

“Mas o SENHOR mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de quebrar-se.” Jonas 1: 4

Muitos profetas e líderes estão vivendo no meio de tremendas tempestades, julgando que satanás é quem as levantou, e por isso até mesmo amarram o diabo, mas nada acontece porque foi o próprio Deus quem criou tais situações, no afã de que reconheçam que estão fora da sua vontade, e se arrependam.

“Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao seu deus, e lançaram ao mar as a cargas, que estavam no navio, para o aliviarem do seu peso; Jonas, porém, desceu ao porão do navio, e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono.” Jonas 1: 5

PROFETA DEITADO – BARCO A DERIVA

Veja que, enquanto Jonas estava deitado, os marinheiros estavam apavorados e em pânico. Quando profetas se deitam e deixam de lado a missão que Deus lhes deu, a obra sofre e muitos auxiliares e ovelhas chegam a ficar em pânico, sem saberem ao certo o que está acontecendo. Muitos fazem até mesmo como os marinheiros, os quais clamavam cada um ao seu deus, ou seja, é uma espécie de salve-se quem puder, é cada um por si e Deus por todos.

PROFETA DORMINDO – PREJUÍZOS IRREPARÁVEIS NA EMBARCAÇÃO

Quando homens de Deus perdem a noção da sua missão, invariavelmente ocorrem percas humanamente irreparáveis. Só o Senhor, pela sua grande e infinita misericórdia, pode reconstruir e restaurar o que se perdeu, porém, não raramente isso demanda muitas orações, tempo e esforços futuros.

Vejamos que por causa da fuga de Jonas, as mercadorias foram lançadas ao mar, no intuito de salvar a embarcação e a vida dos marinheiros.

Quantas causas perdidas na justiça, escândalos e até mesmo prejuízos financeiros têm sido experimentados por igrejas, ministérios e até por denominações. Isso, sem falar naqueles que se afastam dos caminhos do Senhor, e outros que na hora do desespero, promovem rachas e rebeliões, fundando novas igrejas e ministérios, na tentativa de salvarem a si mesmos e mais alguns. Não defendo a estes, até porque não acho que essa seja uma honesta motivação para tanto, mas entendo sim, ser isso fruto do desespero de “marinheiros de primeira viagem” na hora da tempestade, e por conta dessa atitude, findam pagando alto preço em suas vidas pessoais e ministérios.

Além de tudo isso, temos ainda que considerar aqueles que não tomam atitude alguma, mas são acometidos de doenças psicossomáticas, angústia no espírito e amargura na alma, somando-se a isso as enfermidades literais que conseqüentemente atingem o físico.

Dentro ainda desse quesito, somamos ainda a desagregação de famílias, muitas da quais estão cada membro congregando em uma igreja ou ministério diferente.

Meditemos nisso, prejuízos materiais, espirituais, sociais, emocionais e físicos, e por que tudo isso? Por causa de profetas e líderes fora da presença e do propósito, do kairós (tempo de Deus) e vontade soberana do Altíssimo.

RECONHECIMENTO DO PECADO

"E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade." Jonas 1: 12

Em que pese toda tragédia motivada pela condição do profeta Jonas, vejo aqui um ponto alto no seu caráter, uma vez exposta sua situação, não transferiu culpa, nem se justificou, mas assumiu a responsabilidade.

Muitos hoje, mesmo estando exposta e às claras as suas culpas, preferem deixar que todos pereçam, e proclamam ainda que “apagam a luz e fecham a porta”, mas não assumem seus pecados, traumas ou responsabilidades. Preferem ver o naufrágio do navio que não lhes pertencem.

MELHOR O VENTRE DO PEIXE DO QUE A MORTE POR AFOGAMENTO

"Preparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe." Jonas 1: 17

Vejamos como Deus tinha um plano para recuperar Jonas, tanto que providenciou um grande peixe para guardá-lo no fundo do mar.

Deus nunca deixará um profeta perecer, desde que ele esteja disposto a confessar e se arrepender. É interessante notar que, quem não aceitou a direção e ordem do altíssimo estando em terra firme, nem mesmo pensou em orar quando estava no porão do navio, agora decide falar com Deus estando no ventre do grande peixe, no mais profundo do mar, em lugar que mais tarde compararia ao próprio inferno.

"E orou Jonas ao SENHOR, seu Deus, das entranhas do peixe." Jonas 2: 1

Antes tarde do que nunca!

UM PROFETA REVOLTADO, PREGA PARA UM POVO CRUEL DE CORAÇÃO ABERTO

De todo o livro de Jonas, a narrativa que concerne à pregação, arrependimento e conversão dos ninivitas, está toda concentrada apenas nos 10 versículos do Capítulo 3. Uma cidade que precisaria de 3 dias de caminhada para ser toda comunicada da decisão de Deus, a partir do primeiro dia de pregação, já se rendia ao que Deus queria e era necessário. Ainda que Jonas não pregasse com a boa vontade que Deus desejava, cumpriu-se o que diz as escrituras:

"Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei." Isaías 55: 1

Ficaria você contente com o resultado da sua pregação? Infelizmente, por causa do seu trauma, Jonas ficou foi desgostoso, senão vejamos:

"Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado. E orou ao SENHOR, e disse: Ah! SENHOR! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. Peço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver." Jonas 4: 1-3

Apenas um capítulo do livro de Jonas foi destinado á narrativa da salvação de uma cidade com cerca de 120.000 habitantes, porém foram necessários três, para a narrativa da cura de um profeta traumatizado, que não se conformava com a salvação de seus desafetos.

Salva a cidade de Nínive, volta-se Deus para dar tratamento a apenas um homem! Vejamos quão grande e infinita é a misericórdia do Eterno, tanto que as sagradas escrituras registram:

"As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim." Lamentações 3: 22

Analisemos que, Deus não precisava necessariamente usar o profeta Jonas, poderia muito bem usar outro profeta e até mesmo outras formas para a conversão de uma cidade, a qual já sabia que iria se render.

Na verdade, o Altíssimo estava confrontando o profeta com seu próprio trauma, com o objetivo de abrir-lhe a mente e curá-lo daquele mal. Uma vez convertida a cidade inteira de Nínive, Deus poderia muito bem dar a missão como cumprida, mas não, o Eterno tinha ainda a missão de restaurar o profeta desgostoso.

"Então Jonas saiu da cidade, e sentou-se ao oriente dela; e ali fez uma cabana, e sentou-se debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade." Jonas 4: 5

Veja que mesmo a cidade tendo se convertido, Jonas ainda esperava o juízo de Deus.

Agora entra Deus em ação, e mais uma vez, assim como criou a tempestade, enviou o grande peixe e o conduziu até a hora de vomitar Jonas na praia, começa a agir de maneira sobrenatural e extraordinária, somente no afã de fazer Jonas entender o que acontecendo:

"E fez o SENHOR Deus nascer uma aboboreira, e ela subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu enfado; e Jonas se alegrou em extremo por causa da aboboreira. Mas Deus enviou um verme, no dia seguinte ao subir da alva, o qual feriu a aboboreira, e esta se secou. E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental, e o sol feriu a cabeça de Jonas; e ele desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver. Então disse Deus a Jonas: Fazes bem que assim te ires por causa da aboboreira? E ele disse: Faço bem que me revolte até à morte. E disse o SENHOR: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu; E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?"

Finalmente, o Eterno criou e utilizou-se de todas essas circunstâncias, salvando inclusive uma cidade com mais de cento e vinte mil homens, no afã de curar um profeta traumatizado.

Quem sabe, amigo leitor, você está sofrendo e todos à sua volta por conta da sua fuga de Deus, provocada por um trauma qualquer. Assim como confrontou o profeta Jonas, no intuito de curá-lo, quer fazer o mesmo com você.

Aceite o tratamento de Deus e seja curado pelo seu poder. Não prejudique mais sua família, seu casamento, sua igreja e ministério. Não permita que mais pessoas se percam!

Deus está interessado em em curá-lo desse trauma!

Soli Deo Glória,

Seu conservo,

Pr. Carlos Roberto